O Conde de Monte Cristo - Cap. 38: O encontro Pág. 370 / 1080

- O senhor é muito generoso, mas como não reconheço a mim próprio outro mérito além do de poder competir como milionário com o Sr. Aguado ou com o Sr. Rothschild, e como não vou a Paris para jogar na Bolsa, essa pequena circunstância reteve-me. Mas agora a sua oferta decide-me. Vejamos, meu caro Sr. de Morcerf; compromete-se - e o conde acompanhou estas palavras com um sorriso singular -, compromete-se, quando eu for a Paris, a abrir-me as portas dessa sociedade onde serei tão estranho como um hurão ou um cochinchinês?

- Oh, quanto a isso Sr. Conde, facilmente e da melhor vontade! -respondeu Albert. - E com tanta maior boa vontade (meu caro Franz, não troce demasiado de mim!) quanto é certo que sou chamado a Paris por uma carta que recebi esta mesma manhã e que me falam de uma aliança com uma casa muito importante e que tem as melhores relações na sociedade parisiense.

- Aliança por casamento? - perguntou Franz, rindo.

- Oh, meu Deus, sim! Assim, quando você regressar a Paris encontrar-me-á instalado e talvez pai de família, o que irá bem com a minha gravidade natural, não acha? Seja como for, conde, repito-lhe: eu e os meus estamos ao seu dispor de corpo e alma.

- Aceito - disse o conde -, porque juro-lhe que só me faltava uma oportunidade assim para realizar projectos que há muito trago em mente.

Franz nem por um instante duvidou que tais projectos não fossem aqueles de que o conde deixara escapar umas palavras na gruta de Monte-Cristo, e olhou-o enquanto falava para tentar descobrir-lhe na fisionomia qualquer revelação acerca desses projectos que o levariam a Paris. Mas era muito difícil penetrar no espírito daquele homem, sobretudo quando o velava com um sorriso.

- Mas vejamos, conde - prosseguiu Albert, encantado com a eventualidade de exibir um homem como Monte-Cristo -, não se trata de um desses projectos no ar, como se fazem mil em viagem, e que construídos na areia se desfazem ao primeiro pé-de-vento, pois não?

- Palavra de honra que não - respondeu o conde. - Quero ir a Paris e tenho de ir.

- Quando?

- Quando o senhor lá estiver.

- Eu? - disse Albert. - Oh, meu Deus, dentro de quinze dias ou três semanas, o mais tardar o tempo de voltar.

- Pois bem, concedo-lhe três meses - declarou o conde. - Como vê, não sou mesquinho.

- E dentro de três meses irá bater-me à porta? – perguntou Albert?

- Quer que marquemos encontro com dia e hora? - inquiriu o conde. - Previno-o de que sou de uma pontualidade exasperante.

- Com dia e hora... - repetiu Albert - Agrada-me!

- Então seja - disse o conde, estendendo a mão para um calendário pendurado ao pé do espelho. - Estamos hoje a 21 de Fevereiro e são... - puxou do relógio - dez e meia da manhã. Quer esperar-me no dia 21 de Maio próximo às dez e meia da manhã?





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069