O Conde de Monte Cristo - Cap. 6: O substituto do Procurador Régio Pág. 41 / 1080

- Infelizmente, minha senhora - respondeu Villefort -, a minha profissão e sobretudo o tempo em que vivemos ordenam-me que seja severo. Sê-lo-ei. Tenho já algumas acusações políticas a sustentar a esse respeito tenho dado as minhas provas. Desgraçadamente estamos longe do fim.

- Acha? - perguntou a marquesa.

- Muito o receio. Napoleão, na ilha de Elba, está pertíssimo da França. A sua presença quase à vista das nossas costas alimenta a esperança dos seus partidários. Marselha está cheia de oficiais a meio soldo que todos os dias, sob qualquer pretexto fútil, procuram questões com os monárquicos. Daí duelos entre pessoas de classes elevadas, daí assassínios entre o povo.

- Pois sim - disse o conde de Salvieux, velho amigo do Sr. de Saint-Méran e camareiro do Sr. Conde de Artois -, pois sim, mas como sabem a Santa Aliança pensa transferi-lo.

- Sim, falava-se disso aquando da nossa partida de Paris declarou o Sr. de Saint-Méran. - Mas para onde?

- Para Santa Helena.

- Santa Helena? Que é isso? - perguntou a marquesa.

- Uma ilha situada a duas mil léguas daqui, para lá do equador - respondeu o conde.

- Ainda bem. Como disse Villefort, foi uma grande imprudência deixar semelhante homem entre a Córsega, onde nasceu, e Nápoles, onde ainda reina o cunhado, e diante da Itália, de que queria fazer um reino para o filho.

- Infelizmente - observou Villefort -, temos os tratados de e não é possível tocar em Napoleão sem desrespeitar esses tratados.

- Pois vamos desrespeitá-los! - replicou o Sr. de Salvieux. - Acaso ele esteve com tantas contemplações quando se tratou de fuzilar o infeliz duque de Enghien?

- Pronto, está combinado - interveio a marquesa. - A Santa Aliança desembaraça a Europa de Napoleão e Villefort desembaraça Marselha dos seus partidários. O rei reina ou não reina; se reina, o seu governo deve ser forte e os seus agentes inflexíveis. É o único meio de prevenir o mal.

- Infelizmente, minha senhora - observou, sorrindo, Villefort -, um substituto do procurador régio chega sempre quando o mal já está feito.

- Nesse caso, compete-lhe repará-lo.

- Poderia dizer-lhe também, minha senhora, que não reparamos o mul, vingalllo-lo apenas.

- Oh, Sr. de Villefort - exclamou uma jovem e bonita conviva, filha do conde de Salvieux e amiga de Mademoiselle de Saint-Méran, veja se consegue arranjar um bom julgamento enquanto estivermos em Marselha! Nunca entrei num tribunal e dizem que é muito curioso.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069