O Conde de Monte Cristo - Cap. 50: A família Morrel Pág. 488 / 1080

Capítulo L - A família Morrel

O conde chegou em poucos minutos à Rua Meslay, n.º 7. A casa era branca, alegre, e precedida de um pátio, no qual em dois pequenos canteiros se viam flores bastante bonitas.

No porteiro que lhe abriu a porta, o conde reconheceu o velho Coclès. Mas como este, como se recordam, só tinha um olho, e passados nove anos esse olho enfraquecera consideravelmente, Coclès não reconheceu o conde.

Para se deterem diante da entrada, as carruagens tinham de dar uma volta, a fim de evitar um repuxozinho que brotava de um tanque de rocaille, magnificência que provocara muitas invejas no bairro e que era a causa de chamarem à casa a Pequena Versalhes.

Escusado será dizer que no tanque nadavam inúmeros peixes vermelhos e amarelos.

A casa erguia-se por cima de um piso de cozinhas e adegas e tinha, além do rés-do-chão, dois andares amplos e águas-furtadas. Os jovens tinham-na comprado com as dependências, que consistiam num enorme atelier, dois pavilhões ao fundo do jardim e no próprio jardim Emmanuel vira imediatamente naquela disposição a possibilidade de fazer uma especulaçãozinha Reservara para si a casa e metade do jardim e traçara uma linha, isto é, erguera um muro entre ele e os ateliers, que alugara com os pavilhões e a porção de jardim respectiva. Encontrava-se assim alojado por uma importância bastante módica e tão isolado em sua casa como o mais exigente proprietário de um palácio do arrabalde Saint- Germain.

A sala de jantar era de carvalho, a sala, de mogno e veludo azul, e o quarto de limoeiro e damasco verde. Havia ainda, um gabinete de trabalho para Emmanuel, que não trabalhava, e uma sala de música para Julie, que não tocava.

Todo o segundo andar estava reservado a Maximilien. A sua disposição era igualzinha à do andar de baixo, apenas com uma diferença: a sala de jantar fora transformada em sala de bilhar, onde ele recebia os amigos.

Vigiava pessoalmente o tratamento do seu cavalo e fumava umcharuto à entrada do jardim quando a carruagem do conde parou à porta.

Coclès abriu-a, como dissemos, e Baptistin saltou do seu lugar e perguntou se o Sr. e a Sr.ª Herbault e o Sr. Maximilien Morrel estavam visíveis para o conde de Monte-Cristo.

- Para o conde de Monte-Cristo! - exclamou Morrel, atirando o charuto fora e correndo ao encontro do visitante. - Claro que estamos visíveis para ele! Oh, obrigado, mil vezes obrigado, Sr. Conde, por não ter esquecido a sua promessa! E o jovem oficial apertou tão cordialmente a mão do conde que este não teve dúvidas a respeito da franqueza da manifestação e viu bem que fora esperado com impaciência e era recebido com alvoroço.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069