O Conde de Monte Cristo - Cap. 50: A família Morrel Pág. 490 / 1080

- É verdade, Sr. Conde. Que quer, não lhes falta nada para serem felizes: são novos, alegres, amam-se, e com as suas vinte e cinco mil libras de rendimento julgam-se (eles que, no entanto, já viram de perto tantas imensas fortunas), julgam-se possuidores da riqueza dos Rothschilds.

- É pouco, mesmo assim, vinte e cinco mil libras de rendimento - disse Monte-Cristo com tanta suavidade que as suas palavras penetraram no coração de Maximilien como penetrariam as de um terno pai. - Mas não ficarão por aí, tornar-se-ão por seu turno milionários... O seu cunhado é advogado... médico?

- Era comerciante, Sr. Conde, e tomara a casa do meu pobre pai. O Sr. Morrel deixou ao morrer uma fortuna de quinhentos mil francos. Recebi metade e a minha irmã a outra metade, pois éramos apenas dois filhos O marido, que casara com ela sem ter outro património além da sua nobre probidade, da sua inteligência de primeira ordem e da sua reputação sem mácula, quis possuir tanto como a mulher e trabalhou até juntar duzentos e cinquenta mil francos. Bastaram-lhe seis anos. Juro-lhe, Sr. Conde, que era um espectáculo comovente ver aquelas duas crianças tão laboriosas, tão unidas, destinadas pela sua capacidade à mais alta fortuna, mas que, não tendo querido modificar em nada os hábitos da casa paterna, levaram seis anos a conseguir o que os inovadores conseguiriam em dois ou três. Por isso em Marselha ainda hoje se ouvem os louvores que seria impossível recusar a tanta corajosa abnegação Por fim, um dia, Emmanuel foi ter com a mulher, que acabava de pagar a última conta.

«- Julie - disse-lhe -, aqui está o último rolo de cem francos que acaba de me entregar Coclès e que completa os duzentos e cinquenta mil francos que fixámos como limite dos nossos ganhos. Contentar-te-ás com este pouco com que teremos de viver daqui em diante? Escuta, a casa movimenta um milhão por ano e pode proporcionar quarenta mil francos de lucro. Se quisermos, venderemos numa hora a clientela por trezentos mil francos, que é quanto nos oferece o Sr. Delauny nesta carta pelo negócio, que quer juntar ao dele. Que te parece que devemos fazer?

«- Meu amigo - respondeu a minha irmã -, a Casa Morrel só pode ser gerida por um Morrel. Pôr para sempre a coberto dos maus transes da fortuna o nome de nosso pai não valerá bem trezentos mil francos?

«- Penso que sim - respondeu Emmanuel. - No entanto, queria saber a tua opinião.

«- Pois aqui a tens, meu amigo! Todas as nossas cobranças estão feitas e todas as nossas letras estão pagas. Podemos encerrar as contas no fim desta quinzena e fechar a casa.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069