O Conde de Monte Cristo - Cap. 60: O telégrafo Pág. 585 / 1080

Não há qualquer alteração nos nossos projectos.

- Senhor - disse o conde -, o mundo, por mais injusto que seja, saberá, garanto-lhe, ter na devida conta a sua resolução. Os seus amigos sentir-se-ão orgulhosos e o Sr. de Epinay, se tiver de aceitar Mademoiselle de Villefort sem dote, o que decerto não acontecerá, ficará encantado por entrar numa família onde as pessoas sabem elevar-se à altura de tais sacrifícios para cumprir a sua palavra e o seu dever.

Ao mesmo tempo que dizia isto, o conde levantava-se e preparava-se para se retirar.

- Já nos deixa Sr. Conde? - perguntou a Sr.ª de Villefort.

- Sou obrigado a isso minha senhora. Vim apenas recordar-lhes a sua promessa para sábado.

- Receava que a esquecêssemos?

- A senhora é demasiado bondosa, mas o Sr. de Villefort tem tão graves e por vezes tão urgentes ocupações...

- O meu marido deu a sua palavra, senhor redarguiu a Sr.ª de Villefort.

- Ora, se, como acaba de ver, a mantém quando tem tudo a perder, com mais forte razão a cumprirá quando tem tudo a ganhar.

- A reunião é na sua casa dos Campos Elísios? - perguntou Villefort.

- Não - respondeu Monte-Cristo -, e é isso que torna a sua aceitação ainda mais meritória. É no campo.

- No campo?

- Sim.

- Mas onde? Suponho que perto de Paris...

- Às portas, a uma meia hora da barreira, em Auteuil.

- Em Auteuil! - exclamou Villefort. - Ah, é verdade, a minha mulher já me tinha dito que o senhor tencionava residir em Auteuil e que fora para sua casa que a tinham transportado! E em que sítio de Auteuil?

- Na Rua de la Fontaine.

- Na Rua de la Fontaine! - repetiu Villefort, com voz estrangulada. - e em que número?

- No 28.

- Nesse caso... foi ao senhor que venderam a casa do Sr. De Saint-Méran?

- Do Sr. de Saint-Méran? - perguntou Monte-Cristo. - Aquela casa pertencia ao Sr. de Saint-Méran?

- Pertencia - respondeu a Sr.ª de Villefort. - E quer saber uma coisa, Sr. Conde?

- Qual?

- Acha essa casa bonita, não é verdade?

- Encantadora.

- Pois o meu marido nunca lá quis morar.

- Oh! - exclamou Monte-Cristo. - Na verdade, senhor, trata-se de uma prevenção que não compreendo.

- Não gosto de Auteuil - respondeu o procurador régio, fazendo um esforço sobre si mesmo.

- Espero no entanto não ter a pouca sorte de me ver privado do prazer de o receber por causa dessa antipatia... - disse Monte-Cristo com inquietação.

- Não, Sr. Conde. Tenho esperança... creia que farei tudo o que puder - balbuciou Villefort.

- Não admito desculpas - respondeu Monte-Cristo.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069