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Capítulo 64: O mendigo

Página 617

- Bem vê que não me escondo.

- És um felizardo! Gostaria muito de poder dizer o mesmo... Pois eu escondo-me. Sem contar que tinha medo que me não reconhecesses. Mas reconheceste-me! - acrescentou Caderousse com o seu sorriso. - És muito amável...

- Vejamos, que quer de mim? - perguntou Andrea.

- Já me não tratas por tu e isso não está certo, Benedetto... Não se procede assim com um antigo camarada. Acautela-te que ainda acabas por me tornar exigente.

Esta ameaça fez desaparecer a cólera do rapaz. O vento da prudência acabava de soprar por cima da sua cabeça.

Pôs o cavalo a trote.

- É mau para ti mesmo, Caderousse - disse -, procederes assim para com um antigo camarada, como dizias há pouco. És marselhês e eu sou...

- Agora já sabes o que és?

- Não, mas fui criado na Córsega. És velho e teimoso; eu sou novo e casmurro. Entre gente como nós, a ameaça é mau sistema e tudo se deve fazer amigavelmente. Tenho culpa se a sorte, que continua a ser má para ti, é pelo contrário boa para mim?

- Tiveste então sorte, hem?... Não se trata de um groom de empréstimo, de um tílburi de empréstimo, nem de uma casaca de empréstimo? Pois tanto melhor! - exclamou Caderousse com os olhos brilhantes de cobiça.

- Vês e sabes isso perfeitamente, pois de contrário não me abordarias - observou Andrea, animando-se pouco a pouco. - Se trouxesse um lenço como o teu na cabeça, um camisolão sebento pelos ombros e sapatos rotos nos pés, não me reconhecerias.

- Não há dúvida que me desprezas, pequeno, e fazes mal. Agora que te encontrei, nada me impede de vestir do bom e do melhor, como qualquer outro, pois sei que tens bom coração. Se possuis duas casacas, dar-me-ás uma, como eu te dava a minha ração de sopa e feijão quando estavas cheio de fome.

- É verdade - concordou Andrea.

- Tinhas cá um destes apetites! Continuas a ser assim comilão? - Continuo - respondeu Andrea, rindo.

- Como deves ter jantado em casa desse príncipe donde vens!...

- Não é um príncipe, é apenas um conde.

- Um conde, e rico, não?

- Sim, mas não te fies nisso. O cavalheiro não tem nada um ar tranquilizador...

- Meu Deus, podes estar sossegado! Não temos projectos acerca do teu conde, podes ficar com ele só para ti... Mas - acrescentou Caderousse retomando o mau sorriso que já lhe aflorara aos lábios - é preciso dar qualquer coisa em troca, compreendes?

- Quanto?

- Creio que com cem francos por mês...

- Sim?

- ...viverei.

- Com cem francos?

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 617

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069