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Capítulo 65: Cena conjugal

Página 626
Compreende: que me importava a mim, se a senhora pagava as lições da sua bolsa? Mas hoje verifico que o dinheiro sai da minha e que a sua aprendizagem me pode custar setecentos mil francos por mês... Alto aí, minha senhora, porque as coisas não podem continuar assim! Ou o diplomata passa a dar as lições... de graça, e tolerá-lo-ei, ou não põe mais os pés cá em casa. Compreendeu, minha senhora?

- Oh, é de mais, senhor! - gritou Hermine, sufocada. - O senhor ultrapassa os limites do ignóbil!

- Mas - continuou Danglars - verifico com prazer que a senhora não me fica atrás e que obedece voluntariamente àquela disposição do código que diz: «A mulher deve seguir o marido.»

- Insultos!

- Tem razão: fiquemo-nos pelos factos e raciocinemos friamente. Nunca me meti na sua vida a não ser para seu bem. Faça o mesmo. O meu cofre não lhe diz respeito, não é o que a senhora afirma? Seja. Cuide do seu, mas não encha nem despeje o meu. Aliás, quem sabe se tudo isso não passa de uma pulhice política? Se o ministro, furioso por me ver na oposição e invejoso das simpatias populares que suscito, não está feito com o Sr. Debray para me arruinar?

- Acha isso possível?

- Mas sem dúvida! Só quem nunca viu isso... uma falsa notícia telegráfica, isto é, o impossível ou quase... Sinais absolutamente diferentes transmitidos pelos dois últimos telégrafos!... Para mim, é esta a realidade.

- Senhor - disse mais humildemente a baronesa -, não ignora, parece-me, que esse funcionário foi expulso, que se falou até de lhe levantar um processo, que se deu ordem para o prender e que essa ordem teria sido cumprida se ele se não tivesse subtraído às primeiras buscas por meio de uma fuga que prova a sua loucura ou a sua culpabilidade... Foi um erro.

- Sim, que fez rir os tolos, passar uma má noite ao ministro, escrevinhar os Srs. Secretários de Estado, mas que me custou a mim setecentos mil francos.

- Mas, senhor - disse de súbito Hermine -, se tudo isso, em seu entender, é culpa do Sr. Debray, por que motivo, em vez de dizer todas essas coisas directamente ao Sr. Debray, mas diz amim? Porque acusa o homem e censura a mulher?

- Conheço porventura o Sr. Debray? - perguntou Danglars. Interessa-me porventura conhecê-lo? Quero porventura saber se ele dá conselhos? Estou porventura disposto a segui-los? Jogo, porventura? Não, é a senhora que faz tudo isto e não eu!

- Mas parece-me, uma vez que o senhor tira proveito disso...

Danglars encolheu os ombros.

- Loucas criaturas, na verdade, estas mulheres que se julgam génios só porque levaram a bom termo uma ou duas intrigas sem serem apontadas a dedo por todo o Paris!

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 626

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069