O Conde de Monte Cristo - Cap. 69: As informações Pág. 658 / 1080

O visitante esperou na sala, a qual não tinha nada de notável e era como todas as salas das casas alugadas mobiladas.

Uma chaminé com dois vasos de Sèvres modernos, um relógio de sala com um Amor retesando o seu arco, um espelho bipartido, de cada lado do espelho uma gravura, representando uma Homero conduzido pelo seu guia, a outra, Belisário pedindo esmola, paredes forradas de papel cinzento de vários tons e um sofá de tecido vermelho estampado a preto, tal era a sala de LordeWilmore.

Iluminavam-na globos de vidro fosco, que espalhavam apenas uma luz fraca, a qual parecia preparada propositadamente para os olhos cansados do enviado do Sr. Prefeito da Polícia.

Ao cabo de dez minutos de espera, o relógio de sala deu as dez horas, e à quinta pancada a porta abriu-se e Lorde Wilmore apareceu.

Lorde Wilmore era um homem mais alto do que baixo, de suíças ralas e ruivas, tez branca e cabelo louro-grisalho. Vestia com toda a excentricidade inglesa, isto é, envergava casaca azul com botões dourados e gola alta pespontada, como se usava em 1811, colete de casimira branca e calças de nanquim três polegadas mais curtas do que deviam, mas que presilhas do mesmo tecido passadas por baixo dos pés impediam de lhe subir aos joelhos.

As suas primeiras palavras quando entrou foram:

- Como sabe, senhor, não falo francês.

- Sei, pelo menos, que não gosta de falar na nossa língua - respondeu o enviado do Sr. Prefeito da Polícia.

- Mas o senhor pode falar nela - redarguiu Lorde Wilmore -, pois se a não falo, compreendo-a.

- E eu - replicou o visitante, mudando de idioma - falo o inglês com facilidade suficiente para sustentar uma conversa nessa língua. Não se incomode, pois, senhor.

- Hao! - exclamou Lorde Wilmore, com a intonação exclusiva dos mais puros naturais da Grã- Bretanha.

O enviado do prefeito da Polícia entregou a Lorde Wilmore a sua carta de apresentação. Este leu-a com uma fleuma muito anglicana e quando terminou a leitura disse, em inglês:

- Compreendo. Compreendo perfeitamente.

Começaram então as perguntas.

Foram pouco mais ou menos as mesmas que tinham sido dirigidas ao abade Busoni. Mas como Lorde Wilmore, na sua qualidade de inimigo do conde de Monte-Cristo, não punha nas suas respostas a mesma reserva que o abade, estas foram muito mais extensas. Contou a juventude de Monte-Cristo, que, segundo ele, entrara aos dez anos ao serviço de um desses pequenos soberanos da índia que guerreiam os Ingleses.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069