O Conde de Monte Cristo - Cap. 80: A acusação Pág. 775 / 1080

Ele, que tanto gostava de, com o amo, percorrer a cavalo ou de carruagem os quatro cantos da Europa, matou-se naquele serviço monótono à volta de uma cadeira de rodas. O sangue engrossou-lhe. Estava repleto, tinha o pescoço grosso e curto, foi atingido por uma apoplexia fulminante e chamaram-me demasiado tarde. A propósito - acrescentou baixinho -, não se esqueça de deitar a taça de violetas nas cinzas...

E o médico, sem tocar na mão de Villefort e sem voltar atrás um só instante no que dissera, saiu escoltado pelas lágrimas e pelos lamentos de todo o pessoal da casa.

Naquela mesma tarde, todos os criados de Villefort, que se tinham reunido na cozinha e haviam conversado demoradamente entre si, vieram pedir à Sr.ª de Villefort licença para se irem embora. Nenhuma insistência, nenhuma proposta de aumento de salários conseguiu retê-los. A todas as palavras respondiam: «Queremos ir-nos embora porque a morte está nesta casa.»

Partiram, portanto, apesar de todos os pedidos que lhes fizeram, declarando que tinham muita pena de deixar tão bons patrões e sobretudo Mademoiselle Valentine, tão boa, tão generosa e tão meiga.

Ao ouvir estas palavras, Villefort olhou para Valentine.

Ela chorava.

Coisa estranha! Através da emoção que lhe fizeram experimentar aquelas lágrimas, olhou também para a Sr.ª de Villefort e pareceu-lhe que um sorriso fugaz e sombrio lhe passara pelos lábios delgados, como esses meteoros que vemos deslizar, sinistros, entre duas nuvens, no fundo de um céu tempestuoso.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069