O Conde de Monte Cristo - Cap. 82: O assalto Pág. 796 / 1080

- Sr. Abade, não sabia... peço-lhe que acredite... juro-lhe...

- Um vidro cortado - continuou o conde -, uma lanterna de furta-fogo, um molho de «rouxinóis» e uma secretária meio arrombada são provas mais do que evidentes, no entanto...

Caderousse sentia a gravata estrangulá-lo, procurava um canto onde se esconder, um buraco por onde se sumir.

- Verifico que continua a ser o mesmo Sr. Assassino - acrescentou o conde.

- Sr. Abade, uma vez que sabe tudo, deve saber que não fui eu, foi a Carconte. Isso foi reconhecido no julgamento, e tanto assim que só me condenaram às galés.

- E mal acabou de cumprir o seu tempo, encontro-o em vias de voltar para lá, não é?

- Não, Sr. Abade, fui libertado por alguém.

- Por alguém que prestou um lindo serviço à sociedade...

- Mas eu prometi... - começou Caderousse.

- Prometeu, mas está em Paris sem autorização, não é verdade? - interrompeu-o Monte-Cristo.

- Infelizmente, estou - confessou Caderousse muito inquieto.

- Má reincidência... Isso levá-lo-á, se me não engano, à Praça de Grève. Tanto pior, tanto pior, diavolo!, como dizem os hereges no meu país.

- Sr. Abade, cedi a uma tentação...

- Todos os criminosos dizem isso.

- A necessidade...

- Não me venha com essa! - redarguiu desdenhosamente Busoni. - A necessidade pode levar a pedir esmola, a roubar um pão à porta de um padeiro, mas não a vi arrombar uma secretária numa casa que se julga desabitada. E quando o joalheiro Joannès lhe deu quarenta e cinco mil francos pelo diamante que lhe ofereci e o senhor o matou para ficar com o diamante e o dinheiro, também foi por necessidade?

- Perdão, Sr. Abade - suplicou Caderousse. - Já me salvou uma vez, salve-me segunda...

- Isto não me encoraja...

- Está sozinho, Sr. Abade? - perguntou Caderousse, juntando as mãos. - Não me diga que tem aí gendarmes prontos para me prender...

- Estou sozinho - respondeu o abade - e terei mais uma vez piedade do senhor e deixá-lo-ei ir, com risco de novas desgraças por culpa da minha fraqueza, se me contar toda a verdade.

- Ah, Sr. Abade! - exclamou Caderousse, juntando as mãos e aproximando-se um passo de Monte-Cristo. - Posso bem dizer que o senhor é o meu salvador!

- Diz que o libertaram das galés?

- Sim, senhor, palavra de Caderousse, Sr. Abade!

- Quem?

- Um inglês.

- Como se chamava?

- Lorde Wilmore.

- Conheço-o. Saberei portanto se mente.

- Sr. Abade, digo a pura verdade.

- Esse inglês protegia-o, portanto?

- Não a mim, mas sim a um jovem corso que era meu companheiro de grilheta.

- Como se chamava esse jovem corso?

- Benedetto.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069