A Queda de um Anjo - Cap. 13: Capítulo 13 Pág. 72 / 207

Ora, o homem que os assaltou no seu éden foi o Sr. D. Bruno de Mascarenhas.

— Eu!… — exclamou o moço com artificial espanto.

— V. Exa.. Vejo-o admirado, não sei se da minha afoiteza, se da responsabilidade que lhe pesa, Sr. D. Bruno!

— Mas o que houve em casa do Sarmento? — perguntou alvoroçado o fidalgo.

— O que eu antes de ontem vi foi a face do ancião lavada de lágrimas. O que eu vi ontem à noite foi D. Duarte de Malafaia fitar os olhos nas criancinhas, e escondê-los para que o não vissem chorar. O que hoje verei em casa do desembargador Sarmento, se V. Exa. o não pressagia… Não temos tempo para conjecturas; a chaga deve ser cauterizada já, para não ser gangrena amanhã. Quer V. Exa. ajudar-me a conjurar a nuvem negra que vai rasgar-se em torrentes de desgraças?

D. Bruno reflectiu dois segundos, como se houvesse pejo de responder, no primeiro instante:

— Da melhor vontade. Eu desisto destas relações, para evitar desgostos sérios à Sra. D. Catarina.

— Fala-me um honrado português, que tem o apelido dos Mascarenhas? — perguntou com solenidade o Barbuda.

— Juro pela honra de meus avós.

— Que vai fazer V. Exa.? — tornou Calisto.

— Antecipo um passeio que mais tarde tencionava fazer à Europa. Parto no paquete de amanhã para França.

— Sem dizer nem fazer saber à Sra. D. Catarina que esteve aqui um amigo do desembargador Sarmento.

— Nada direi, Sr. Barbuda.

— Aperto-lhe e beijo esta mão. Agradeço-lho em nome dos cinco filhos de Duarte Malafaia, ou dos cinco anjos que lhe chamam pai.





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