Os Brilhantes do Brasileiro - Cap. 20: XX - O Doente e o doutor Pág. 112 / 174

Vossa senhoria, que é do Porto, nunca ouviu nomear um general chamado Noronha?

- Noronha?! - exclamou Francisco José da Costa, cravando os olhos pávidos no brasileiro.

- Sim, um general Noronha, que vivia em Ponte do Lima... Minha mulher era filha dele...

- Como se chama essa senhora? - interrompeu o facultativo respirando dificilmente.

- Ângela.

Francisco Costa, espaço de três minutos, ficou num espasmo e torpor de pensamento e ação. Aos olhos do brasileiro aquele ar espantado significava estar o doutor recordando-se de ter conhecido o general ou a filha.

- Talvez que o Sr. doutor visse alguma vez minha mulher no Porto... - prosseguiu Hermenegildo. - Eu morava na Rua do Bispo, numa casa de azulejo de quatro andares... Vossa senhoria está incomodado? - disse o doente, notando extraordinária mudança no rosto do médico. - Parece que está a enfiar!...

- Não, senhor. Estou bom... estava a ouvi-lo, e a lembrar-me... que não me é estranho o nome do general e da filha... Donde era sua senhora?

- De Viana, cuido eu.

- Mas eu tinha ouvido contar que uma filha do general Noronha casara na província do Minho...

- Foi comigo; eu estava então na minha quinta dos Choupos. Lá é que foi dar a tal senhora porque era amiga de minha irmã, que tinha estado no mesmo convento com ela, e eu fiz a grande burricada de casar, sem pedir informações a ninguém.

- E depois mudaram para o Porto? Em que ano?

- Em 1840.

- E foi no Porto que o Sr. Fialho teve razões para suspeitar da lealdade de sua senhora?

- Sim, senhor.

- Mas já me disse que não conhecia o amante, nem tinha a certeza de que ela o tivesse...

- Lá conhecê-lo, não conheci; mas a quem dava ela o dinheiro? A minha casa não ia homem de suspeita. Ela não se visitava com fôlego vivo.





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