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Capítulo 28: XXVIII - Confidências do cego

Página 154
XXVIII - Confidências do cego

Batia alvoroçado o coração de Ângela quando ao longe tilintava a guisalhada da liteira, em que entrava nas Boticas o conde de Gondar. Joana e Vitorina, pasmadas da casualidade, faziam considerações muito religiosas sobre o caso.

Francisco saíra à extrema da aldeia para guiar o liteireiro. O cego, sabendo que o doutor o viera esperar, mandou parar o veículo, para apertar a mão do “segundo criador da sua luz”, dizia ele.

Caminhou Costa de par com a portinhola, e tomou o velho nos braços, quando a liteira parou ao portão do quinteiro.

Ângela e as outras espreitavam das janelas. Vitorina benzia-se, murmurando:

- Ai! Como ele está acabadinho! Quem viu este senhor há quarenta anos!

Ângela retraiu-se da janela para limpar as lágrimas.

Subiu o conde pelo braço de Francisco os poucos degraus que levavam do quinteiro à saleta destinada.

A melhor alfaia de assento era uma preguiceira almofadada a toda a presa por Ângela e Joana com um colchãozinho de lã e chita escarlate, e dois travesseiros com suas fronhas de folhos engomados.

- Queira vossa excelência sentar-se, e reclinar-se, senhor conde - disse o facultativo. - Convir-lhe-ia melhor uma poltrona; mas não a tenho.

- Isto é magnífico! - disse o general. Encostando-se confortavelmente. - que ar de frescura tem esta casa! Parece que a felicidade tem um aroma particular, primo Pizarro! - ajuntava o general voltado para onde se lhe figurava estar o fidalgo de Chaves. - Onde vossa excelência me trouxe!... Como isto me há de parecer o céu, quando eu puder ver a casa e os bem-aventurados que vivem nela!... Ainda me não deu a honra de me apresentar a sua senhora, a seu filhinho e a sua irmã, senhor Costa.

- Eu chamo-os: são os criados de vossa excelência que eu apresento.

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pág. 154 (Capítulo 28)

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 154

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174