Conclusão Restaurado de forças físicas à proporção que a alma lhe remoçava, o conde ordenou, em tom militar, que toda a sua família das Boticas se transferisse para Ponte do Lima. Francisco José da Costa contrariou seu sogro, alegando que se tinha contratado por tempo de três anos com o município, e não podia deixar os seus doentes, sem que o seu lugar estivesse ocupado. O conde tais artes usou, de inteligência com Pizarro, que dias depois um médico, com vantajosíssima oferta pecuniária do conde, se oferecia a substituir Costa.
Mudou-se a família para Ponte.
Dias depois, Ângela era agraciada com o título de condessa de Gondar, e seu marido participante do título, em duas vidas.
Francisco Costa, lendo o ofício do ministério do Reino, dirigiu-se ao sogro, e disse risonho:
- Um operador de cataratas conde! Meu querido amigo! Não queira vossa excelência afugentar de mim os doentes pobres que precisam dos meus serviços! Os enfermos indigentes que tem um colmeiro de palha como leito não ousariam chamar à sua caverna um conde. O pobre que se chama simplesmente Francisco folga e alegra-se de poder chamar Sr. Francisco ao irmão que lhe faz a receita. O título que vossa excelência pode sem custo e com muitíssimo proveito dar ao marido da condessa de Gondar, é permitir que ela pague do seu bolsinho ao boticário as receitas que eu mande aviar, e dar-ma também como auxiliar na cura dos pobrezinhos que adoecem de fome e frio.
O conde de Gondar viveu dez anos a mais ditosa existência de velho. Ainda viu seis netos à volta dele, perfumando-lhe de primaveras aqueles dez invernos cheios de sol.
Morreu aos oitenta, encostando serenamente a face sobre o braço da filha, que lhe dava a oscular a Cruz de Cristo.
Um ano antes tinha descido abençoada à sepultura aquela primorosa Vitorina, legando os seus cordões restaurados, e um bom casal que lhe dera Ângela à filha mais velha de sua ama.