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Capítulo 12: XII - A Fuga

Página 59
XII - A Fuga

A surpresa tolheu a reflexão.

Ângela, pela primeira vez, deu ares de família. Contavam-se arrojos de D. Maria d’Antas, em anos verdes, quando o pai lhe impunha observância das leis do decoro, em desacertos amorosos. Saiu-se a filha de Simão de Noronha com um dos atrevimentos não comuns enquanto a sociedade assusta, e o coração mulheril não desteme os efeitos do escândalo.

Ouvida a ordem, ao anoitecer, entrou no seu quarto, onde se deteve até às dez. o silêncio da casa era completo, quando ela abriu a janela mais rente da rua, saiu e encaminhou-se a casa de Joana.

A irmã de Francisco, que tanto o instigara a sair para o Porto, naquele dia, estava, a essa hora, chorando saudosa dele. Quando ouviu bater à porta, alvoroçou-se cuidando que o irmão desandara por não poder vencer-se. Perguntou, conheceu a voz trémula da fidalga, expediu um grito, e chamou o marido.

Ângela, apenas entrou, disse entre risonha e espavorida:

- Fugi!

- Fugiu, Santo Deus! - exclamou Joana. - vossa excelência fugiu, senhora D. Ângela?! Não me diga isso, por quem é!...

- Fugi, deveras, pois não vê, minha amiga? Olhe... ninguém veio comigo... Se eu não fugisse, amanhã havia de entrar no convento forçosamente, que assim mo disse minha tia...

- E agora, minha senhora? - atalhou afligidíssima a irmã de Francisco.

- Agora o quê?

- Que tenciona a menina fazer?

- Fico nesta casa - respondeu serenamente D. Ângela, apertando nas suas a mão de Joana.

- Mui pobre casa; mas ela aqui está, e nós para servirmos a vossa excelência - disse José Maria respeitosamente.

- Mas que infelicidade, minha senhora, que infelicidade! - exclamava a trémula irmã do acadêmico, enquanto Ângela relançava em volta de si os olhos indagadores.

- Não te aflijas assim, Joana! - disse tranquilo o merceeiro.

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 59

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174