Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: IV - Tribunal de honra

Página 15
IV - Tribunal de honra

- Amigos e senhores - prosseguiu Fialho - a razão desta chamada vão vocês sabê-la!

- Você parece que está aflito, Sr. Hermenegildo?! - acudiu magoadamente Pantaleão.

- Se lhe parece!... É um caso de honra e que me há de atirar à cova!

- Ora deixe-se disso! - sobreveio Joaquim Bernardo. - Então os amigos para que servem? Aqui estamos física e moralmente para tudo que for preciso.

- Meus amigos! - volveu o marido de Ângela - acontece em minha casa o mais extraordinário caso que vocês ouviram...

- Como assim?! - interrompeu o marido de Francisca Ruiva.

- Negócio de mulheres!... Poucas vergonhas de mulheres!... Ainda há quem se case!... - esclareceu Fialho intercortando as palavras com uns suspiros que lhe subiam do estômago à mistura com os arrotos de bacalhau assado do almoço.

- De mulheres?! querem vocês ver!... - disse com espanto Atanásio José da Silva.

- Temos maroteira? - perguntou Pantaleão.

- Ouçam lá. Minha mulher vendeu cinco brilhantes da pulseira de casamento que eu lhe dei, e não diz o que fez a um conto seiscentos e cinquenta mil réis sonante que recebeu pelos brilhantes. Aqui está o que eu tenho a dizer.

Os três conferentes levantaram-se a um tempo, cruzaram as mãos sobre os ossos sacros respectivos, e começaram a passear cada um para seu lado.

Quem primeiro parou e falou do seguinte modo foi o marido da maiata:

- Física e moralmente falando, sua mulher, amigo Hermenegildo, vendendo os brilhantes e dispondo do dinheiro, deve dizer o que lhe fez, por força ou por jeito. Eu cá por mim pegava dum arrocho, e dizia-lhe: “Ó minha amiga, você diz o que fez ao dinheiro, ou acaba-se aqui hoje o mundo!”

- Amigo Joaquim - contrariou Pantaleão. - Não voto por esse sistema, e queira perdoar.

<< Página Anterior

pág. 15 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 15

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174