Um Caso Tenebroso - Cap. 13: XIII – UM BOM CONSELHO Pág. 149 / 249

- E que respondeu ele? - perguntou o Senhor de Hauteserre.

- Respondeu-me que informaria o senador das nossas pretensões - continuou Michu.

- Conde de Gondreville! - exclamou o mais velho dos Hauteserre. - Ah! que palhaçada! Realmente já se diz Sua Majestade a Bonaparte...

- E Sua Alteza ao monsenhor grão-duque de Berg - observou o cura.

- Esse quem é? - inquiriu o Senhor de Simeuse.

- Murat, o cunhado de Napoleão - retorquiu o velho de Hauteserre.

- Bom! - voltou a Menina de Cinq-Cygne. E também dizem Sua Majestade à viúva do marquês de Beauharnais?

- Dizem, sim - confirmou o cura.

- Devíamos ir a Paris ver tudo isso! - exclamou Laurence.

- Ai de nós, Menina! - comentou Michueu fui lá pôr Michu no liceu, e posso jurar-lhes que com aquilo a que lá chamam «guarda imperial» não se brinca, realmente. Se todo o exército é do mesmo molde, a coisa pode durar mais do que nós.

- Há famílias nobres que retomam a carreira militar - observou o Senhor de Hauteserre.

- De acordo com as leis actuais, os seus filhos serão obrigados a servir no exército - voltou o cura. - A lei não faz distinção de classes nem de nomes.

- Este homem faz-nos pior com a corte do que a Revolução com o machado! - exclamou Laurence. - A Igreja reza por ele - observou o cura.

, Estas palavras, ditas umas após outras, eram como que comentários aos conselhos do velho marquês de Chargeboeuf; mas aqueles moços tinham fé de mais, honra de mais para aceitarem uma transacção. Diziam uns aos outros o que sempre costumam dizer, em todas as épocas, os partidos vencidos: que a prosperidade do partido vencedor acabaria, que o imperador só tinha a apoiá-lo o exército, que o facto, mais tarde ou mais cedo, havia de ceder perante o direito, etc.





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