III - AS MALÍCIAS DE MALINA cólera que o Senhor Marion provocava em Michu tinha fundamentos sérios, mas havia-se transferido para um homem bem mais criminoso a seus olhos, para Malin, cujos segredos se haviam desvendado à vista do administrador, em melhor posição do que ninguém para apreciar o comportamento do conselheiro de Estado. O sogro de Michu, politicamente falando, gozara da confiança de Malin, nomeado representante de Aube na Convenção, graças à interferência de Grévin.
Talvez não seja de todo inútil contar aqui as circunstâncias que colocaram os Simeuse e os Cinq-Cygne na presença de Malin, e que vieram -a pesar no destino dos dois gémeos e da Menina de Cinq-Cygne, se é que não mais ainda no de Marta e de Michu. Em Troyes o solar de Cinq-Cygne fica fronteiro ao de Simeuse. Quando a populaça, desenfreada, graças à intervenção de mãos tão hábeis quanto prudentes, saqueou o solar de Simeuse, uma vez que, o marquês e a marquesa eram acusados de manter correspondência com os inimigos, e os entregou aos guardas nacionais, que os conduziram para a prisão, a turba, consequente, gritou: «A Cinq-Cygne!» Não podia crer que os Cinq-Cygne estivessem inocentes do crime dos Simeuse.
O digno e corajoso marquês de Simeuse, para salvar os seus dois filhos, de dezoito anos, capazes de lhe comprometerem a coragem, confiara-os, alguns instantes antes da, tempestade, a sua tia, a condessa de Cinq-Cygne. Dois criados dedicados à casa de Simeuse conservavam fechados os dois rapazes. O velho, que não queria que o seu nome acabasse com ele, recomendara que escondessem tudo dos seus filhos, em caso de desgraças extremas. Laurence, então com doze anos, era querida dos dois irmãos, a quem muito queria pelo seu lado.
Como acontece com muitos gémeos, os dois Simeuse pareciam-se tanto que por muito tempo a mãe os vestia de cores diferentes para melhor os distinguir.