XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS Trinta anos decorridos, durante os quais se fizeram três grandes revoluções, só os velhos podem lembrar-se hoje do alvoroço incrível que produziu na Europa o rapto de um senador do Império francês. Nenhum outro processo, a não ser os de Trumeau, merceeiro da praça de Saint-Michel, e o da viúva Morin, no tempo do Império; os de Fualdês e de Castaing, durante a Restauração; os da Senhora Lafarge e de Fieschi, na vigência do actual governo, igualam em interesse e curiosidade o dos jovens acusados do rapto de Malin. Um tal atentado contra um membro do seu Senado excitou a cólera do imperador, a quem informaram da detenção dos delinquentes quase ao mesmo tempo em que o punham ao corrente do delito e dos resultados negativos das buscas realizadas. A floresta, esquadrinhada em todos os sentidos, Aube e os departamentos convizinhos percorridos em toda a sua extensão, não proporcionaram o menor indício da passagem ou do-sequestro do conde de Gondreville. .O juiz supremo, convocado por Napoleão, só apareceu depois de se avistar com o ministro da polícia, e explicou-lhe a posição de Malin, relativamente aos Simeuse. O imperador, então ocupado com assuntos graves, encontrou a solução do caso nos factos anteriores.
- Esses rapazes são doidos - disse ele. - Um jurisconsulto como Malin não pode deixar de revogar actos obtidos pela violência. Vigiem esses fidalgos para vermos o que eles farão para libertar o conde de Gondreville.
Ordenou que se empregasse a maior celeridade no processo, para ele um verdadeiro atentado contra as suas instituições, um fatal exemplo de resistência aos direitos da Revolução, um golpe na grande questão dos bens nacionais e um obstáculo a essa fusão dos partidos; constante preocupação da sua política interna.