XII - UM DUPLO E MESMO AMOR O pobre senhor de Hauteserre voltou de Paris e muito surpreendido ficou que não fosse ele a dar a boa nova. Durieu preparava o mais suculento dos jantares. A criadagem aprontava-se, todos se aperaltavam, e com impaciência aguar, davam os proscritos, que, pelas quatro horas, apareceram, ao mesmo tempo alegres e humilhados, pois ficavam dois anos sob a vigilância da alta polícia, e eram obrigados a apresentar-se todos os meses na prefeitura, e a permanecer, durante esses dois anos, na comuna de Cinq-Cygne.
- Eu lhes enviarei o registo para assinar - dissera-lhes o prefeito. - Depois, dentro de alguns meses, poderão requerer a anulação destas condições, impostas, aliás, a todos os, cúmplices de Pichegru. Apoiarei o vosso pedido.
Estas restrições, merecidas, de resto, entristeceram um pouco os jovens. Laurence pôs-se a rir.
- O imperador dos Franceses - disse ela - é tão mal educado que nem a perdoar aprendeu ainda.
Os gentis-homens encontraram ao por tão todos os habitantes do castelo e, no caminho, grande parte da gente da aldeia, que vinha ver os rapazes, famosos no departamento depois da sua aventura. A Senhora de Hauteserre, com o rosto coberto de lágrimas, estreitou os filhos muito tempo nos braços; não pôde proferir palavra, e grande parte do dia esteve impressionada, mas, feliz. Quando os gémeos de Simeuse apareceram e desmontaram dos seus cavalos houve um grito geral de surpresa, tão parecidos eram; o mesmo olhar, a mesma voz, as mesmas maneiras. Tanto um como o outro fizeram exactamente os mesmos gestos ao soerguerem-se na sela, ao passarem a perna por cima da garupa do cavalo para desmontar, e, ao atirarem as rédeas, num movimento igual. O seu trajo, exactamente o mesmo, mais contribuía ainda para que fossem tomados por verdadeiros sósias.