V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE O nome franco, de que usam os Cinq-Cygne e os Chargeboeúf, é Duineff. Cinq-Cygne tornou-se o nome do ramo mais novo dos Chargeboeuf após a defesa de um castelo valorosamente mantido, estando ausente o pai, pelas cinco filhas da casa, todas extraordinariamente brancas e de que ninguém esperaria um comportamento assim.
Quis um dos primeiros condes da Champagne perpetuar esse episódio com este lindo nome enquanto a família vivesse. Depois de tão singular feito de armas, as raparigas da família sentiram-se orgulhosas, mas talvez não continuassem a ser sempre brancas. A última, Laurence, ao contrário do que dispunha a lei sálica, era a herdeira
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Do nome, das armas e dos feudos. O rei de França aprovara a carta do conde de Champagne em virtude da qual, nesta família, o ventre enobrecia e sucedia. Laurence era pois, condessa de Cinq-Cygne, e o marido seria obrigado a usar o seu nome e o seu brasão; onde se lia como divisa a sublime resposta dada pela mais velha das cinco irmãs, quando a intimaram a entregar o castelo: Morrer cantando!
Digna herdeira dessas belas heroínas, Laurence era de uma brancura que parecia um desafio dos fados. Viam-se-lhe, através da trama fina e apertada da epiderme, os mais pequenos lineamentos das veias azuis. Os cabelos, de um loiro dos mais lindos, harmonizavam-se maravilhosamente com os olhos, de um azul carregado. Tudo nela era mignon. No seu corpinho frágil, apesar da cintura delgada, a despeito da tez cor de leite, vivia uma alma bem temperada, como a de um varão do mais belo carácter, alma que ninguém, todavia, saberia adivinhar, .por melhor observador que fosse, oculta que estava sob aquela fisionomia suave e um rosto arqueado em cujo perfil havia fosse; o que fosse de uma cabeça de cordeiro.