Um Caso Tenebroso - Cap. 7: VII - A VISITA DOMICILIARIA Pág. 76 / 249

Para maior surpresa da Menina Goujet e com o maior desapontamento de Corentin, o quarto de Laurence estava vazio. Certo de que ninguém poderia fugir nem do parque nem do castelo para o vale, cujas saídas estavam guardadas, Corentin mandou subir um gendarme para cada divisão do castelo, ordenou que revistassem o edifício, as cavalariças, e voltou ao salão, onde já, entretanto, haviam acorrido, alarmadíssimos. Durieu, a mulher e todo o mais pessoal da casa. Peyrade estudava com os seus olhinhos azuis fisionomia por fisionomia, frio e sereno no meio de toda aquela desordem. Quando Corentin voltou a aparecer sozinho, pois a Menina Goujet ficara a prestar os seus cuidados à Senhora de Hauteserre, ouviu-se um ruído de cavalos, à mistura com um choro de criança. Os cavalos entravam pela cancela. No meio da ansiedade geral, um brigadeiro apareceu, empurrando Gothard, de mãos atadas, e Catarina, que conduziu à presença dos agentes.

- Aqui têm dois prisioneiros - disse ele. - Este patife ia a cavalo, e preparava-se para fugir.

- Imbecil! - exclamou Corentin ao ouvido do brigadeiro -, porque é que o não deixou fugir? Algumas coisas viríamos a saber, se fôssemos atrás dele.

Gothard decidira chorar como uma Madalena, fingindo-se idiota. Catarina mantinha-se numa atitude de inocência e de ingenuidade, que muito fez pensar o velho agente. O discípulo de Lenoir, depois de comparar aquelas duas crianças uma com a outra, e de examinar o ar néscio do velho gentil-homem, ,que considerou manhoso, e o espiritual cura, brincando com as fichas, ante a estupefacção de toda aquela gente e dos Durieu, aproximou-se de Corentin e disse-lhe ao ouvido:

- Não estamos a lidar com nenhuns palermas! - Corentin respondeu primeiro, com um olhar que relanceou para a mesa do jogo, e acrescentou: - Jogavam o boston! Estavam a abrir a cama da dona da casa, que fugiu; encontram-se espantados; vamos apertá-los.





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