O Conde de Monte Cristo - Cap. 53: Roberto, o diabo Pág. 529 / 1080

- Também desta vez não mereço os seus agradecimentos, minha senhora. Foi Ali, o meu núbio, que teve a felicidade de prestar à Sr.ª de Villefort esse eminente serviço.

- E foi também Ali - interveio o conde de Morcerf - que tirou o meu filho das mãos dos bandidos romanos?

- Não, Sr. Conde - respondeu Monte-Cristo, apertando a mão que o general lhe estendia -, não. Quanto a isso, os agradecimentos pertencem-me. Mas o senhor já mos deu, eu já os recebi, e na verdade constrange-me encontrá-lo ainda tão reconhecido. Conceda-me a honra, suplico-lhe, Sr.ª Baronesa, de me apresentar a sua filha.

- Oh, estão todos apresentados, pelo menos de nome, porque há dois ou três dias que só falamos do senhor! Eugénie - continuou a baronesa, virando-se para a filha -, o Sr. Conde de Monte-Cristo....

O conde inclinou-se; Mademoiselle Danglars fez um ligeiro aceno de cabeça.

- Acompanha-o uma jovem admirável, Sr. Conde - disse Eugénie. - É sua filha?

- Não, menina - respondeu Monte-Cristo, surpreendido com aquela extraordinária ingenuidade ou aquele espantoso atrevimento.

- É uma pobre grega de quem sou tutor.

- E que se chama?...

- Haydée - respondeu Monte-Cristo.

- Uma grega! - murmurou o conde de Morcerf.

- Sim, conde - disse a Sr.ª Danglars. - E diga-me cá se alguma vez viu na corte de Ali-Tebelin, que o senhor serviu tão gloriosamente, traje tão admirável como aquele que temos ali diante dos olhos.

- Serviu em Janina, Sr. Conde? - perguntou Monte-Cristo.

- Fui inspector-geral das tropas do paxá - respondeu Morcerf -, e a pouca fortuna que amealhei devo-a, não o oculto, às liberalidades do ilustre chefe albanês.

- Mas veja! - insistiu a Sr.ª Danglars.

- Onde? - balbuciou Morcerf.

- Ali! - disse Monte-Cristo.

E rodeando o conde com o braço, inclinou-se com ele para fora do camarote.

Neste momento, Haydée, que procurava o conde com a vista, viu-lhe o rosto pálido junto do de Morcerf, que ele tinha abraçado.

Aquele rosto produziu na jovem o efeito da cabeça de Medusa.

Esboçou um movimento para diante, como se quisesse devorar ambos com a vista, e depois, quase imediatamente, lançou-se para trás e soltou um gritinho, que no entanto foi ouvido pelas pessoas que se encontravam mais perto dela, e por Ali, que abriu sem demora a porta.

- Repare, que terá acontecido à sua pupila, Sr. Conde? - observou Eugénie. - Dir-se-ia que se sentiu mal...

- Assim parece, com efeito - respondeu o conde. - Mas não se assuste, Haydée é muito nervosa e por consequência muito sensível aos cheiros.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069