O Conde de Monte Cristo - Cap. 74: O jazigo da família Villefort Pág. 707 / 1080

- O sítio é mal escolhido para uma apresentação - disse Albert. - Mas não importa, não somos supersticiosos. Sr. Morrel, permita que lhe apresente o Sr. Franz de Epinay, um excelente companheiro de viagem, com o qual percorri a Itália. Meu caro Franz, o Sr. Maximilien Morrel, um excelente amigo que adquiri na tua ausência e cujo nome me ouvirás citar todas as vezes que falar de coração, de espírito e de amabilidade.

Morrel teve um momento de indecisão e perguntou a si mesmo se não seria uma condenável hipocrisia saudar quase amigavelmente o homem que combatia em segredo. Mas o seu juramento e a gravidade das circunstâncias vieram-lhe à memória. Esforçou-se por não deixar transparecer nada no rosto, conteve-se e cumprimentou Franz.

- Mademoiselle de Villefort está muito triste, não é verdade? - perguntou Debray a Franz.

- Oh, de uma tristeza inexplicável, senhor! - respondeu Franz. - Esta manhã estava tão desfigurada que mal a reconheci.

Estas palavras aparentemente tão simples feriram o coração de Morrel. Aquele homem vira Valentine e falara-lhe...

Foi então que o jovem e impetuoso oficial necessitou de toda a sua energia para resistir ao desejo de violar o seu juramento.

Pegou no braço de Château-Renaud e arrastou-o rapidamente para o jazigo, diante do qual os empregados da agência funerária acabavam de depositar as duas urnas.

- Magnífica habitação - comentou Beauchamp, admirando o mausoléu. - Palácio de Verão e palácio de Inverno. Nele residirá um dia, meu caro Epinay, porque em breve também será da família. Eu, na minha qualidade de filósofo prefiro uma casinha de campo, um chalé à sombra das árvores, e menos pedras trabalhadas sobre o meu pobre corpo. Quando morrer, direi aos que me rodearem o que Voltaire escrevia a Piron: E o rus e tudo estará acabado... Vamos, caramba! Franz, coragem, a sua mulher herda.

- Na verdade, Beauchamp, você é insuportável - redarguiu Franz. - A política habituou-o a rir de tudo e os homens que a dirigem têm o hábito de não acreditar em nada. Mas enfim, Beauchamp, quando tenha a honra de se encontrar entre homens vulgares e a sorte de se afastar por instantes da política, procure trazer consigo o coração em vez de o deixar no bengaleiro da Câmara dos Deputados ou da Câmara dos Pares.

- Mas, meu Deus, que é a vida? - redarguiu Beauchamp. - Uma paragem na antecâmara da morte.

- Não estou a gostar nada da conversa de Beauchamp – disse Albert.

E recuou quatro passos com Franz, deixando Beauchamp continuaras suas dissertações filosóficas com Debray.

O jazigo da família Villefort formava um quadrado de pedra branca de cerca de vinte pés de altura.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069