O Conde de Monte Cristo - Cap. 103: Maximilien Pág. 957 / 1080

- Então, então, senhor, tenha compaixão de mim! Mas os olhos do velho permaneceram implacavelmente virados para a porta.

- Poderei ao menos voltar? - perguntou Morrel.

- Sim.

- Devo sair sozinho?

- Não.

- Quem devo levar comigo? O Sr. Procurador Régio?

- Não.

- O doutor?

- Sim.

- Quer ficar só com o Sr. de Villefort?

- Sim.

- E ele conseguirá compreendê-lo?

- Sim.

- Oh, esteja tranquilo, compreendo muitíssimo bem o meu pai! - exclamou Villefort, quase alegre por a conversa se ir realizar à porta fechada.

Mas ao mesmo tempo que proferia estas palavras com a expressão de alegria que assinalámos, os dentes do procurador régio entrechocavam-se com violência.

Avrigny pegou no braço de Morrel e levou o jovem para a divisão contígua. Reinou então em toda a casa um silêncio mais profundo do que o da morte.

Finalmente, passado um quarto de hora, ouviram-se passos incertos e Villefort apareceu no limiar da sala onde se encontravam Avrigny e Morrel, um absorto e o outro impaciente.

- Venham - disse.

E conduziu-os junto da poltrona de Noirtier.

Morrel olhou então atentamente para Villefort.

O procurador régio estava lívido; grandes manchas cor de ferrugem cobriam-lhe a testa; nos dedos, uma pena torcida de mil maneiras desfazia-se aos poucos.

- Meus senhores - disse em voz estrangulada a Avrigny e Morrel -, peço-lhes a sua palavra de honra de que este horrível segredo ficará sepultado entre nós.

Os dois homens fizeram um movimento.

- Suplico-lhes!... - continuou Villefort.

- Mas... o culpado?... O envenenador?... O assassino?... perguntou Morrel.

- Esteja tranquilo, senhor, que justiça será feita – respondeu Villefort. - O meu pai revelou-me o nome do culpado; o meu pai tem sede de vingança como o senhor e no entanto o meu pai suplica-lhes, como eu, que guardem o segredo do crime. Não é verdade, meu pai?

- É - respondeu resolutamente Noirtier.

Morrel deixou escapar um gesto de horror e incredulidade.

- Oh, se o meu pai, o homem inflexível que conhece, lhe faz este pedido, é porque sabe que Valentine será terrivelmente vingada! - exclamou Villefort, segurando Maximilien por um braço. - Não é verdade, meu pai?

O velho fez sinal que sim.

Villefort continuou:

- Ele conhece-me e foi a ele que dei a minha palavra. Tranquilizem-se, portanto, meus senhores. Três dias, peço-lhes três dias, menos do que lhes pediria a justiça, e dentro de três dias a vingança que tirarei do assassino da minha filha fará tremer até ao fundo do coração os homens mais empedernidos. Não é verdade, meu pai?

E, ao dizer estas palavras, rangia os dentes e abanava a mão insensível do velho.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069