A Queda de um Anjo - Cap. 20: Capítulo 20 Pág. 112 / 207

O uso do meio grosso pareceu-lhe incompatível com um galã. Aqueles sibilos da pitada, bem que denotassem espíritos cogitantes e gravidade de juízo, deviam toar ingratamente nos ouvidos de Adelaide. Demais disso, a saraivada de bagos de rapé que ele sacudia dos sorvedouros nasais algumas vezes obrigava as damas a formarem sobre os olhos com os dedos um baldaquim sanitário contra as insuflações imundas do sábio. Deliberou, portanto, imolar as delícias pituitárias.

Viu-se no espelho de barbear, modesto utensílio do estojo de bezerro, e conveio no deslavado prosaísmo da sua cara clerical. Resolveu deixar pêra e meia barba, como transição para bigode, que devia ir-lhe bem na tez um tanto moreno-pálida.

Como o estudo lhe havia extenuado os olhos, e por amor disso usava óculos de prata quando lia, adoptou a luneta de oiro e molas.

Neste propósito, saiu a delinear as reformas capilares; fez alinhar as bases de uma cabeleira que trouxera escadeada da província, e consentiu que lhe encalamistrassem dois topes rebeldes ao ferro.

Depois, quando a ânsia de uma pitada começava a importuná-lo, fez provisão de charutos, e fumou o primeiro com aflitivas caretas, e engulhos de estômago.

Colheu informações dos alfaiates de melhor fama, e foi ao Keil encomendar duas andainas de fato. O artista ofereceu-lhe os figurinos; e, como lhe falasse francês, Calisto supôs que o atencioso alfaiate lhe dava a conhecer os retratos de alguns sujeitos ilustres da França. Corrido do engano, depois de ler as indicações dos trajos, saiu dali a procurar mestre de línguas, e a comprar dicionários e guias de conversação.





Os capítulos deste livro