A Queda de um Anjo - Cap. 24: Capítulo 24 Pág. 134 / 207

Calisto Elói dobrou a carta vagarosamente, e disse de si para consigo:

— Pobre mulher! Já me sinto enfadado com as tuas cartas… Já as tuas sinceras baboseiras me incomodam e enjoam!… Agora vejo que tu eras quase nada na minha vida. Não sei em que lugar do meu coração estiveste, porque não dou pela falta, nem sequer a saudade me chama para ti!… Os contentamentos da minha vida passada deu-mos o estudo. O coração dormia como os ventos da tempestade no bojo da nuvem negra, que serenamente se vai acastelando no horizonte. Ei-la começa a desfechar agora relâmpagos e coriscos. Mas o viver é isto! Eu quero e preciso amar. Levam-me os ímpetos de uma vontade juvenil e «a verdade é vida», como diz o Jorge Ferreira na Eufrozina. Amor! amor! que me caldeaste e me retemperaste o peito nas tuas forjas! emborca-me os teus nectários filtros, embriaga-me este coração, que já não pode respirar de afogado nos seus ardores!…

Disse, e tirou de uma charuteira de canudos de prata um havano, cujas ondulações de fumo lhe perfumaram o quarto e subtilizaram a fantasia.





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