A Queda de um Anjo - Cap. 25: Capítulo 25 Pág. 142 / 207

Ergueu-se Calisto Elói de golpe, avizinhou-se da brasileira, tomou-lhe a mão com solenidade, e abriu do peito estas graves e doces vozes:

— Prima Ifigénia, eu não permitirei que a sua mocidade vá emurchecer-se numa casinha entre duas árvores. Para as árvores e flores se fizeram as aves; e todavia, na estação desabrida, umas aves desferem remontado voo a outros climas, e outras pipilam enfezadas de frio e fome. Na estação das manhãs regorjeadas e das tardes inspirativas terá V. Exa. a sua casa bem assombrada de árvores e rodeada de relvas e fontes que retemperem as calmas do Estio. Porém, no Inverno, gozará o aconchego e regalos que as grandes populações oferecem. Não lhe admito réplicas, prima. Achou um parente de idade autorizada, que requer obediência. Agora, falar-lhe-ei de mim. Sou rico, não tenho filhos, conquanto seja casado…

Neste ponto do discurso, Calisto de Barbuda fez uma visagem fúnebre, e correu os dedos vertiginosamente por sobre o bigode, ainda escasso. Depois, desentranhou um suspiro cavo, e continuou:

— Minha prima e mulher, se alguma vez se encontrar com V. Exa., abrir-lhe-á os braços de parenta. É uma criatura feita no campo, dotada apenas das luzes naturais, que a levam pelo melhor caminho da felicidade neste mundo. Casei, porque era necessário que o vínculo dos Figueiroas voltasse à casa donde saíra. Acho-me há vinte e alguns anos ligado à mulher que não devia ser minha. E, se ela é feliz, isso prova a muita probidade e resignação com que me tenho conformado ao meu destino.





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