A Queda de um Anjo - Cap. 31: Capítulo 31 Pág. 179 / 207

Teodora estava num daqueles elevados graus de amoroso sentimento, em que a mulher menos esperta conhece que é desamada. Repelida daquele modo, ainda as lágrimas lhe vidraram os olhos; mas o despeito secou-as.

— Não me podes ver à tua beira! — disse ela com altiveza. — Vê-se mesmo na tua cara que me aborreces! Ainda agora chegaste, e já estás a falar na ida para Lisboa. Escusavas então de cá vir. Mal haja a hora em que saíste desta casa. Já não tenho marido!…

Neste ponto, não pôde represar as lágrimas. Acocorou-se no chão a chorar, com a cara metida entre os joelhos. Calisto saltou da cadeira num empuxão de raiva, e passou à sala imediata, gesticulando com frenéticos sacões de braços.

— Que diabo vim eu aqui fazer? — dizia entre si o desesperado.

O demónio da expiação já andava às cavaleiras do homem. A saudade de Ifigénia era uma serpente de fogo que lhe abafava os respiradouros das goelas.





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