A Queda de um Anjo - Cap. 31: Capítulo 31 Pág. 178 / 207

— Que remédio senão ir, Teodora!… — disse ele. — Sou obrigado por esta desgraçada posição de deputado a assistir mais algum tempo na capital.

— Não é isso, não é isso — clamou ela, saindo-lhe dos braços, que a largaram facilmente.

— Bem sei o que é…

— Sabes o quê? — interrompeu com violentada placidez o marido.

— Sabes as calúnias que te veio contar o Brás, o vilão que se vingou como canalha por lhe eu não arranjar o hábito de Cristo! É o que faltava! Pendurar a imagem da cruz num peito cheio de tanta porcaria!… Então que te disse ele?…

— Que tinhas lá outra… e que te viu a passear com ela.

— Viu-me a passear com uma nossa parenta, viúva de um general. Quem disse ao javardo que esta senhora era minha amante? Hei-de perguntar-lho diante de ti. Manda-o chamar à minha presença.

— Agora mando! que o leve a breca! — disse Teodora com alegre aspecto. — Como tu vieste, foi o que eu quis; agora, pilhei-te cá, e não te deixo ir embora. Mas tu hás-de cortar essas barbas, sim? e não estejas a fumar isso, que me fazes embrulhar o estômago, não?

O tom e gesto caricioso, com que ela dizia isto, não moveu medianamente o esposo. Impava de zangado e aborrecido dos lânguidos amorinhos com que a meiga senhora se lhe quebrara langorosamente nos braços.

— Eu precisava escrever umas cartas que ainda hoje hão-de ir para Miranda — disse ele, afastando brandamente a esposa — Vai-te embora, e logo conversaremos.





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