A Queda de um Anjo - Cap. 33: Capítulo 33 Pág. 185 / 207

A pouco e pouco, a maledicência ajuntou à admiração o respeito.

Uns parentes do general, porventura filhos daqueles que se entrelembravam de terem sido procurados por uma viúva, levaram os seus cumprimentos ao palacete de S. João dos Bem Casados. Ifigénia fez-lhes saber pelo seu escudeiro que lhes agradecia a delicadeza e a honra do parentesco. E mais nada.

Ora, Calisto Elói, sem embargo da seriedade e gentil compostura de sua pessoa, não podia de todo poupar-se ao riso de certas pessoas da plateia. Estava ali gente que o ouvira fulminar no Parlamento o teatro lírico, e nomeadamente a Lucrécia Bórgia. Estava quem se lembrasse daquelas calças de polainas assertoadas de madrepérola, e do farfalhoso colete, e das pantalonas axadrezadas do aljubeta Nunes & Filhos. O doutor Libório, do Porto, principalmente, ainda estomagado da reprimenda, saboreava a vingança, indigitando-o à hilaridade dos camaradas parelhos em nascimento e estilo.

Numa noite, Ifigénia reparou na atenção e nos sorrisos de um grupo. Ao voltar a vista para seu primo, encontrou os olhos dele, com uma tempestade sobranceira, que era o avincado profundo da testa. Andava por ali naquela fronte sangue de Trás-os-Montes, sangue de Barbudas.

Calisto estremara o doutor Libório de Meireles, entre a roda dos peraltas, que bebiam da garrafeira do paternal tendeiro, prodigalizada ao filho das esperanças suas e da Pátria.

Num intervalo, saiu Calisto Elói do camarote, e, como não encontrasse no pórtico nem nos corredores o risonho deputado portuense, entrou à plateia.





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