Vozes: — À ordem! à ordem!
O orador: — Pois em que me transviei da ordem?
Uma voz: — Não se diz no seio da representação nacional: o nosso rei D. Miguel.
O orador: — Eu referi o caso com as expressões em que o acho narrado num livro mirífico e sobreexcelente do Sr. Dr. Aires de Gouveia.
Uma voz: — Pois não faça obra por inépcias do Dr. Aires de Gouveia.
O orador: — Retiro a dessoante frase, que impensada destilei do lábio, e ao ponto me reverto. Sem a ciência de Porta e de Blumenbach toda a penalidade sairá vesga, bestial, e infernalíssima. É natural, Sr. presidente, que o sentimento se corrompa, assim como o cálculo se empedra, e arraiga o cancro nas entranhas, e o coração se ossifica, e o hidrocéfalo se gera, ainda nos mais solícitos em higiene.
Posto isto, Sr. presidente, cumpre dividir os sexos, pelo que diz respeito ao calibre do castigo. Eu citarei, com quanta ênfase me cabe na alma, algumas linhas do jovem esplêndido de verbo, que auspicia e promete o primeiro criminalista desta terra. Falo de Aires de Gouveia, e nele me estribo.