Os visitantes habituais do desembargador e as senhoras da casa notaram certa mudança nos modos e linguagem de Calisto. Dir-se-ia que o paletó e as pantalonas lhe tolhiam a liberdade dos movimentos, e aquela tão rude quanto simpática espontaneidade da expressão.
Autorizados filósofos e cristãos disseram que o vestido actua imperiosamente sobre o moral do indivíduo. Nas páginas imorredouras de frei Luís de Sousa está confirmado isto. «É nossa natureza muito amiga de si (diz o historiador do santo arcebispo) e experiência nos ensina que não há nenhuma tão mortificada, que deixe de mostrar algum alvoroço para uma peça de vestido novo. Alegra e estima-se ou seja pela novidade ou pela honra, e gasalhado que recebe o corpo. Até os pensamentos e as esperanças renovam um vestido novo.»
O adorável dominicano, pelo que diz da alegria que influi no ânimo um vestido em folha, enganou-se a respeito de Calisto Elói.