Os Brilhantes do Brasileiro - Cap. 22: XXII - Felicidade suprema Pág. 130 / 174

Na minha história havia a singular coincidência de ser a restituição do teu roubo igual à quantia de que o meu doente se queixava. Notável semelhança: 1.650$000 réis! Dando-se, de mais a mais, a estranha coisa de ser ele roubado ao mesmo tempo que tu eras indenizada, minha irmã! E não para aqui a coincidência! Os brilhantes eram vendidos por quantias iguais àquelas que tu ias recebendo, e na mesma ocasião, do tal sujeito de Viana, honrada pessoa que eu nunca cessarei de proclamar, apesar do incógnito!... Por que estás tu a sorrir, Joana? E tu, Ângela, que ar é esse de assombro e alvoroço?... Não querem ouvir o melhor da passagem? Um dia, estava teu marido a contar, provavelmente, as dúzias de contos que lhe alvoejavam com asas de ouro à volta do leito, onde havia de morrer sozinho, blasfemo, e abrasado de sede, sem amigo ou indiferente que lhe apagasse nos beiços o brasido da morte; um dia, vinha eu dizendo, aproximou-se dele um homem e disse: “Venho restituir-lhe 1.650$000 réis que lhe foram roubados por sua esposa para me dar a mim, que era pobre. E eu com o seu dinheiro fiz a minha posição de menos pobre. A restituição é um dever que complica dois grandes resultados: um é o Sr. Hermenegildo morrer com a certeza que deixa, além de duzentos e tantos contos, mais esta quantia aos seus amigos; a outra é ir vossa senhoria por onde quer que vá com a certeza de que teve a ventura de casar com uma senhora que podia roubá-lo e traí-lo; mas que se limitou apenas a privá-lo, por espaço de alguns anos, da deleitosa posse destas nota. Porém, como o Sr. Fialho infamou sua esposa, convém que a declare ilibada, não só do desvio do ouro, mas também da dignidade conjugal. Para o que se faz mister que leia e assine este recibo”. E teu marido, minha amiga, leu, recebeu o dinheiro e assinou isto que tu vais ler, se te não custa.




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