Os Brilhantes do Brasileiro - Cap. 24: XXIV - A Opinião pública Pág. 137 / 174

..

- O quê, minha filha?

- Viver numa aldeia, entre umas serras, sozinho com a nossa Joana, esquecidos, e tão amados...

- Sim, quero, minha providência... Adivinhaste a minha aspiração de não sei quantos anos...

- Eu sei, meu amor. Li-a nos teus livros, e que fantasias eu criava para completar as tuas!... Se eu tivesse filhos, e lhes pudesse incutir a certeza de que todo o seu futuro e mundo era o espaço contido nos horizontes das nossas montanhas...

- E não sabes tu, Ângela - volveu jubilosamente Francisco - não sabes que eu careço de ser cirurgião? Que todas as portas se me fecham aqui? Não cuidava que eu viesse quase pobre do Brasil? Vim, minha filha, vim. Contava com muito se lá permanecesse, mas a minha riqueza eras tu. Apenas tenho a subsistência segura de dois anos nesta mediania em que tu fazes milagres de abundância. Mas o futuro...

- Pois então para onde iremos, Francisco? Tenho pressa; quero ir amanhã, hoje, já...

- Olha numa terra, que chamam Barroso, não há facultativos. O sítio é triste, é montanhoso, as casas são colmadas, os alimentos grosseiros, os frios do inverno glaciais, e os ardores do estio queimam as urzes e secam as fontes. Queres ir para Barroso?

- E tu? Irias tu contente para aí?

- Vou.

- Vamos, filho - exclamou ela entusiasticamente!

- Assim que a doença ou a tristeza te ameaçar, passaremos a sítios mais amenos, iremos de aldeia em aldeia, até que uma casinha entre duas árvores te convide a viver e morrer nela.

Dias depois, Francisco Costa, o grande operador que honrara as escolas da sua pátria no Brasil, aceitava o partido de um conselho chamado Boticas, em terras de Barroso.

Vitorina acompanhou a ditosa família. Ao vizinharem da terra tão selvàticamente pintada por Francisco na imaginativa da esposa, a rústica expectativa demudou-se em alegres várzeas, terras colmadas de arvoredos, regatos que vertiam murmurosos por entre outeirinhos tapisados de boninas.





Os capítulos deste livro