Os Brilhantes do Brasileiro - Cap. 1: I - Aflições sudoríferas Pág. 3 / 174

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- Deixe-me cá ver! - atalhou o brasileiro. - Mostre-me isso!

Mostram-lha.

Era a pulseira de Ângela.

Aqui principiou a borbulhar um sumo gomoso e crasso da testa do homem.

- É de minha mulher, acho eu! - tartamudeou ainda indeciso o Sr. Fialho. - Que é da criada?

- Está na polícia porque tentou fugir. Se vossa senhoria quer, vai um cabo buscá-la.

- Bom será, que eu não posso mexer-me... Parece que me arde o interior! Dão-me os senhores um copo de água, se fazem favor... Isto só no inferno! - prosseguiu o Sr. Barrosas, batendo na testa com os pulsos. - Minha mulher não vendia os brilhantes! É impossível! Vendê-los p’ra quê? P’ra quê, não me dirão os senhores?

- Pode ser que estejamos enganados - observou um dos honrados ourives; - mas o esclarecermo-nos é tão necessário para vossa senhoria como para nós. Se nos iludimos, ficamos contentíssimos e sossegados. As nossas suspeitas não ofendem ninguém senão a criada. Enfim, cumprimos um dever.

- Fazem muito bem - obtemperou o brasileiro; - mas minha esposa não vendia os brilhantes... Roubar-lhos a criada? Isso pode ser; mas... Que figura tem ela?

- Baixa, gorda, mais de meia idade, vestida limpamente.

- Os sinais são dela... Tem uma verruga no nariz, assim do feitio de ervilha?

- Não reparei...

- E um dos olhos assim a modo de vesgo?

- Parece que sim... Ela não pode tardar.

- E então os senhores - volveu o brasileiro com outro gesto de cara e tom de voz mais afinado - se os brilhantes forem meus, como há de isto ser?

- Como há de ser?!...

- Perdi-os, hem?

- Isto é outra questão

- Que questão? Eu acho que não há questão nenhuma... Se os senhores compraram uma coisa roubada...

- Provado o roubo, iremos haver a importância dos dois brilhantes ultimamente





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