Fá-lo-ia ter uma visão.
Qualquer movimento novo e intenso provoca um impulso para trás, para uma qualquer forma de consciência mais velha e meio esquecida. Os apocaliptas foram, portanto, impulsionados até à velha visão cósmica. Consciente ou inconscientemente, depois da segunda destruição do Templo os Judeus perderam a esperança no triunfo terreno do Povo Eleito. Obstinadamente se prepararam, pois, para um triunfo não terreno. Foi isto o que os apocaliptas decidiram fazer: - visionar o triunfo não terreno dos Escolhidos.
Para tanto precisavam de uma visão global; precisavam de conhecer tão bem o fim como o princípio. Antes disso, os homens nunca tinham querido saber qual era o fim da criação; bastava que as coisas tivessem sido criadas, e assim continuassem para todo o sempre. Naquele momento, porém, os apocaliptas precisavam de ter uma visão do fim.
Tornaram-se, portanto, cósmicos. As visões cósmicas de Enoch são muito interessantes mas não muito judaicas. São, contudo, estranhamente geográficas.
Quando chegamos ao Apocalipse de João, e a fazer o seu estudo, várias coisas nos surpreendem. Primeiro, o esquema evidente, a divisão do livro em duas metades de intenções muito discordantes.