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Capítulo 111: Expiação

Página 1022

- Oh! - gritou, como se um ferro em brasa lhe atravessasse o coração.

Com efeito, havia uma hora que só tinha diante dos olhos um aspecto da sua miséria, mas eis que de repente se lhe apresentava outra ao espírito, e uma outra não menos terrível.

Armara em juiz inexorável com a mulher e condenara-a à morte; e ela, cheia de terror, consumida pelos remorsos, mergulhada na infâmia que ele lhe fizera sentir com a eloquência da sua impecável virtude; ela, pobre mulher fraca e indefesa contra um poder absoluto e supremo, preparava-se talvez naquele momento para morrer!

Decorrera uma hora desde a sua condenação. Sem dúvida, naquele momento a mulher repassava na memória todos os seus crimes, pedia perdão a Deus, escrevia uma carta a implorar de joelhos o perdão do seu virtuoso marido, perdão que comprava com a sua morte...

Villefort soltou um novo grito de dor e de raiva.

- Oh, aquela mulher só se tornou criminosa porque casou comigo! - exclamou, agitando-se no cetim da carruagem. - Resumo crime e ela apanhou o crime como se apanha o tifo, como se apanha a cólera, como se apanha a peste!... E eu castiguei-a!... Ousei dizer-lhe: «Arrepende-te e morre...» Eu! Oh, não, não! Ela viverá... seguir-me-á... Vamos fugir, deixara França, seguir em frente até onde a Terra nos possa levar.

»Falei-lhe de cadafalso!... Grande Deus, como ousei pronunciar tal palavra? Mas o cadafalso também me espera a mim!...

»Fugiremos... Sim, confessar-me-ei a ela! Sim, dir-lhe-ei todos os dias, humilhando-me, que também cometi um crime... Oh, a aliança do tigre com a serpente! Oh, digna mulher de um marido como eu!... É necessário que ela viva, que a minha infâmia empalideça a sua!

E Villefort partiu, em vez de descer o vidro da frente do cupé.

- Depressa, mais depressa! - gritou numa voz que fez saltar o cocheiro no assento.

Levados pelo medo, os cavalos voaram até casa.

- Sim, sim - repetia Villefort à medida que se aproximava de casa -, é necessário que essa mulher viva, que se arrependa, que crie o meu filho, o meu pobre filho, o único, juntamente com o indestrutível velho, que sobreviveu à destruição da família! Ela ama-o; foi por ele que fez tudo.

»Nunca se deve desesperar do coração de uma mãe que ama o filho. Arrepender-se-á, ninguém saberá que é culpada. Os crimes cometidos em minha casa, e de que a sociedade já murmura, depressa serão esquecidos com o tempo. E se algum inimigo se lembrar deles... bom, incluí-lo-ei na minha lista de crimes.

»Um, dois ou três crimes mais que importa! A minha mulher salvar-se-á e fugirá com o ouro, e sobretudo com o filho, para longe do abismo em que me parece que o mundo vai cair comigo.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 1022

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069