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Capítulo 113: O passado

Página 1045

- Então, senhor - disse o guia -, já que é tão generoso, merece que lhe ofereça qualquer coisa.

- Que tem para me oferecer, meu amigo? Conchas, objectos de palha? Obrigado.

- Não, senhor; não, senhor! Qualquer coisa que se refere à história que lhe contei há bocado.

- Deveras?! - exclamou o conde, entusiasmado. - O quê?

- Ouça, vou contar-lhe o que aconteceu - disse o porteiro. - Pensei cá para comigo: «Encontra-se sempre qualquer coisa numa cela onde um prisioneiro permaneceu quinze anos... E pus-me a sondar as paredes.

- Ah! - exclamou Monte-Cristo. Lembrando-se do duplo esconderijo do abade. - Com efeito.

- À força de procurar - continuou o porteiro -, descobri que a parede soava a oco à cabeceira da cama e na lareira da chaminé.

- Claro, claro - disse Monte-Cristo.

- Levantei as pedras e encontrei...

- Uma escada de corda? Ferramentas? - antecipou-se o conde.

- Como sabe? - perguntou o porteiro, surpreendido.

- Não sei, mas calculo - respondeu o conde. - Habitualmente é esse género de coisas que se encontra nos esconderijos dos prisioneiros.

- Exacto, senhor, uma escada de corda e ferramentas - confirmou o guia.

- E ainda as tem? - perguntou Monte-Cristo.

- Não, senhor. Vendi esses objectos, que eram muito curiosos, a visitantes. Mas resta-me outra coisa...

- O quê? - perguntou o conde com impaciência.

- Resta-me uma espécie de livro escrito em tiras de pano.

- Oh, ainda tem esse livro?! - exclamou Monte-Cristo.

- Não sei se é um livro - respondeu o porteiro. - Mas ainda o tenho, como lhe disse.

- Vá buscá-lo, meu amigo, vá - pediu o conde. - E se for o que presumo, não se arrependerá...

- Vou num pé e venho noutro, senhor.

E o guia saiu.

Então, Monte-Cristo foi ajoelhar-se piedosamente diante dos restos daquela cama de que a morte fizera para ele um altar.

- Ó meu segundo pai - disse -, tu que me deste a liberdade, a ciência e a riqueza; tu que, a exemplo das criaturas de essência superior à nossa, conhecias a ciência do bem e do mal, se no fundo da sepultura resta alguma coisa de nós que estremeça ao ouvir a voz daqueles que ficaram na Terra; se na transfiguração que sofre o cadáver alguma coisa animada paira nos lugares onde muito amamos e sofremos, nobre coração, espírito supremo, alma profunda, por uma palavra, por um sinal, por uma revelação qualquer, conjuro-te, em nome do amor paternal que me concedias e do respeito filial que te dedicava, a tirar-me este resto de dúvida que, a não se transformar em convicção, se transformará em remorso.

O conde baixou a cabeça e juntou as mãos.

- Veja, senhor! - disse uma voz atrás dele.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 1045

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069