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Capítulo 116: O Perdão

Página 1065

- Proibidos por quem?

- Por aquele a quem obedecemos.

- Obedecem portanto a alguém?

- Sim, a um chefe.

- Julgava que o chefe fosse o senhor.

- Eu sou o chefe destes homens; mas há outro homem que é meu chefe.

- E esse chefe obedece a alguém?

- Obedece.

- A quem?

- A Deus.

Danglars ficou um momento pensativo.

- Não o compreendo - confessou.

- É possível.

- E foi esse chefe que lhos mandou tratarem-me assim?

- Foi

- Com que fim?

- Não sei

- Mas a minha bolsa esgotar-se-á...

- É provável.

- Vejamos, quer um milhão? - perguntou Danglars.

- Não.

- Dois milhões?

- Não.

- Três milhões? Quatro? Vejamos, quatro? Dou-lhos com a condição de me deixar ir embora.

- Porque nos oferece quatro milhões pelo que vale cinco? perguntou Vampa. - Isso é usura, Sr. Banqueiro, ou eu não percebo nada dessas coisas.

- Fiquem com tudo! Fiquem com tudo, já disse! - gritou Danglars. - E matem-me! - Então, então, acalme-se, Excelência. Assim activa a circulação do sangue e arranja um apetite que é capaz de comer um milhão por dia... Seja mais poupado, com a breca! - E quando não tiver dinheiro para lhes pagar? - gritou Danglars, exasperado.

- Passará fome...

- Passarei fome? - repetiu Danglars, empalidecendo.

- É provável - respondeu fleumaticamente Vampa.

- Mas o senhor disse que não me queriam matar...

- E não queremos.

- Mas querem deixar-me morrer de fome?

- Não é a mesma coisa.

- Miseráveis! - gritou Danglars. - Pois eu frustrarei os seus cálculos infames! Morrer por morrer, prefiro morrer já. Façam-me sofrer, torturem-me, matem-me, mas não terão mais a minha assinatura!

- Como quiser, Excelência - redarguiu Vampa.

E saiu da cela.

Danglars atirou-se, rugindo, para cima das peles de bode.

Quem eram aqueles. homens? Quem era o chefe invisível? Que projectos tinham a seu respeito? E quando toda a gente se podia resgatar, por que motivo só ele não podia?

Oh, sim, a morte, uma morte rápida e violenta, era um bom meio de enganar os seus inimigos encarniçados que pareciam submetê-lo a uma vingança incompreensível!

Pois sim, mas morrer!...

Talvez pela primeira vez, na sua longa carreira, Danglars pensasse na morte simultaneamente com o desejo e o receio de morrer. Mas chegara para ele o momento de deter a vista no espectro implacável que existe em toda a criatura, que a cada pulsação do coração diz a si mesma: «Morrerás!»

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pág. 1065 (Capítulo 116)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 1065

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069