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Capítulo 17: A cela do abade

Página 133

Dantès concentrou-se um instante.

- Ei-la textualmente: «O Sr. Procurador Régio é avisado por um amigo do trono e da religião de que um tal Edmond Dantès, imediato do navio Pharaon chegado esta manhã de Esmirna depois de escalar Nápoles e Porto Ferraio, foi encarregado por Murat de entregar uma carta ao usurpador e pelo usurpador de entregar outra carta ao comité bonapartista de Paris. Ter-se-á a prova do seu crime prendendo-o, pois encontrar-se-á essa carta com ele ou em casa do pai, ou no seu camarote abordo do Pharaon.»

O abade encolheu os ombros.

- É claro como a água - observou. - Só um homem dotado de um coração muito ingénuo e muito bom, como você, não adivinharia imediatamente a tramóia.

- Acha? - redarguiu Dantès. - Oh, seria uma grande infâmia!

- Como era a letra habitual de Danglars?

- Uma bonita letra cursiva.

- E a da carta anónima?

- Inclinada para trás.

O abade sorriu.

- Disfarçada, não é verdade?

- Muito perfeita para ser disfarçada.

- Um momento.

Pegou na pena, ou antes, no que chamava assim, molhou-a natinta e escreveu com a mão esquerda, num pano preparado para o efeito, as duas ou três primeiras linhas da denúncia.

Dantès recuou e olhou quase com terror o abade.

- Oh, é espantoso como essa letra se parece com a outra! exclamou.

- Porque a denúncia foi escrita com a mão esquerda. Observei uma coisa - continuou o abade.

- Qual?

- Todas as letras traçadas com a mão direita são diferentes, todas as letras traçadas com a mão esquerda assemelham-se.

- Portanto, já viu tudo, já adivinhou tudo?

- Continuamos?

- Oh, sim, sim!

- Passemos à segunda pergunta.

- Às ordens.

- Alguém estava interessado em que você não casasse com Mercédès?

- Sim! Um rapaz que a amava: Fernand.

- Não é um nome espanhol?

- Ele era catalão.

- Acha que ele era capaz de escrever a carta?

- Não! Esse limitar-se-ia a dar-me uma facada.

- Claro, está na natureza espanhola: um assassínio, sim; uma cobardia, não.

- De resto - continuou Dantès -, ignorava todos os pormenores consignados na denúncia.

- Você não os revelou a ninguém?

- A ninguém.

- Nem mesmo à sua amante?

- Nem mesmo à minha noiva.

- Foi Danglars.

- Oh, agora tenho a certeza disso!

- Espere... Danglars conhecia Fernand?

- Não... Sim... Recordo-me...

- De quê?

- Na antevéspera do meu casamento viu-os sentados juntos a uma mesa debaixo do caramachão do Tio Pamphile. Danglars estava com ar amistoso e brincalhão e Fernand pálido e nervoso.

- Estavam sozinhos?

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 133

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069