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Capítulo 18: O Tesouro

Página 147

»César propôs portanto ao pai quer que mandassem os cardeais abrir o armário, quer que dessem a cada um um cordial aperto de mão, mas Alexandre VI respondeu-lhe: «Não olhemos a um jantar tratando-se desses excelentes cardeais Spada e Rospipliosi. Qualquer coisa me diz que recuperaremos esse dinheiro. Aliás, esqueceis, César, que uma indigestão se declara imediatamente, enquanto que uma picada ou uma mordedura só resultam passado um dia ou dois.»

»César rendeu-se a este raciocínio e por isso os cardeais foram convidados para Jantar.

»Puseram a mesa na vinha que o papa possuía perto de S. Pedrode Liens, encantadora habitação que os cardeais conheciam bem devido à sua fama.

»Rospigliosi, deslumbrado com a sua nova dignidade, preparou o estômago e compôs a sua melhor expressão. Spada, homem prudente e que amava apenas o sobrinho, jovem capitão diante de quem se abria um futuro risonho, pegou em papel e numa pena e fez o seu testamento.

»Em seguida mandou dizer ao sobrinho que o esperasse nas imediações da vinha, mas parece que o criado o não encontrou.

»Spada conhecia o hábito dos convites. Desde que o cristianismo, eminentemente civilizador, trouxera os seus progressos até Roma, já não era um centurião que vinha da parte do tirano dizer: «César quer que morras», mas sim um legado a latere que, de boca sorridente, vinha comunicar da parte do papa: «Sua Santidade deseja que janteis com ele.»

»Spada partiu por volta das duas horas para a vinha de S. Pedro de Liens. O papa já aí o esperava. A primeira pessoa que Spadaviu foi o sobrinho, ricamente vestido, muito gracioso, ao qual César Bórgia prodigalizava lisonjas. Spada empalideceu, e César, que lhe deitou um olhar cheio de ironia, deixou transparecer que tudo previra, que a cilada estava bem armada.

»Jantaram. Spada só pudera perguntar ao sobrinho: «Recebestes o meu recado?» O sobrinho respondeu que não e compreendeu perfeitamente o valor da pergunta. Mas era demasiado tarde, pois acabava de beber um copo de excelente vinho que lhe servira o copeiro do papa. Spada viu no mesmo instante aproximar-se outra garrafa, de que lhe oferecerem liberalmente. Uma hora mais tarde, um médico declarava ambos envenenados por cogumelos venenosos. Spada morreu no limiar da vinha e o sobrinho expirou à sua porta fazendo um sinal que a mulher não compreendeu.

»César e o papa apressaram-se a devassar a herança, a pretexto de procurarem os documentos dos defuntos. Mas a herança consistia nisto: um bocado de papel em que Spada escrevera: «Lego ao meu sobrinho bem-amado as minhas arcas e os meus livros, entre os quais o meu belo breviário de cantos de ouro, desejando que guarde essa recordação do seu tio afectuoso.»

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 147

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069