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Capítulo 18: O Tesouro

Página 152
Agora - continuou Faria, olhando Dantès com expressão quase paternal -, agora, meu amigo, sabe tanto como eu a este respeito. Se alguma vez fugirmos juntos, metade do meu tesouro é seu; se eu morrer aqui e você conseguir fugir sozinho, pertence-lhe na totalidade.

- Mas - objectou Dantès, hesitante - esse tesouro não terá neste mundo algum possuidor mais legítimo do que nós?

- Não, não, sossegue; a família extinguiu-se por completo. De resto, o último conde de Spada nomeou-me seu herdeiro. Legando-me o breviário simbólico, legou-me o que ele continha. Não, não, sossegue: se conseguirmos deitar a mão a essa fortuna, poderemos gozá-la sem remorsos.

- E o senhor diz que o tesouro vale...

- Dois milhões de escudos romanos, mais ou menos treze milhões na nossa moeda.

- Impossível! - exclamou Dantès, assustado com a enormidade da verba.

- Impossível porquê? - prosseguiu o velho. - A família Spada era uma das mais antigas e poderosas famílias do século XV. De resto nesse tempo, em que não havia qualquer espécie de especulação ou indústria, as acumulações de ouro e jóias não eram raras, e ainda hoje há famílias romanas que morreram de fome ao pé de um milhão de diamantes e pedrarias transmitidos vinculativamente, por não lhe poderem tocar.

Edmond julgava sonhar; pairava entre a incredulidade e a alegria.

- Guardei durante tanto tempo este segredo para consigo - continuou Faria - primeiro para o experimentar e depois para o surpreender. Se nos tivéssemos evadido antes do meu ataque de catalepsia, tê-lo-ia conduzido a Monte-Cristo. Agora acrescentou com um suspiro - será você quem lá me levará. Então, Dantès, não me agradece?

- Esse tesouro pertence-lhe, meu amigo - declarou Dantès- pertence-lhe só a si, e eu não tenho nenhum direito a ele. Não sou seu parente.

- Você é meu filho, Dantès! - gritou o velho. - Você é o filho do meu cativeiro, pois o meu estado condena-me ao celibato. Deus enviou-mo para confortar ao mesmo tempo o homem que não podia ser pai e o prisioneiro que não podia ser livre.

E Faria estendeu o braço que lhe restava ao rapaz, que se lhe agarrou ao pescoço chorando.

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pág. 152 (Capítulo 18)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 152

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069