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Capítulo 21: A Ilha de Tiboulen

Página 168

Dantès nem por isso desistiu de alcançar uma dessas ilhas. Mas como encontrá-las no meio da noite que se adensava a cada instante à sua volta?

Nesse momento, viu brilhar como uma estrela o farol de Planier.

Dirigindo-se em linha recta para o farol, deixaria a ilha de Tibouien um pouco à esquerda; derivando portanto um bocadinho para a esquerda, deveria encontrar essa ilha no seu caminho.

Mas, como já dissemos, ia pelo menos uma légua do Castelo de If a Tibouien

Muitas vezes, na prisão, Faria repetia ao rapaz, ao vê-lo abatido e preguiçoso: «Dantès, não se entregue a esse amolecimento. Afogar-se-á se tentar fugir e não tiver os músculos bem treinados.»

Através das ondas pesadas e salgadas estas palavras vieram soar aos ouvidos de Dantès. Apressara-se então a vir à superfície e a fender as vagas para ver se efectivamente não perdera as forças. Verificou com alegria que a sua inacção forçada lhe não roubara nada da sua pujança e da sua agilidade e sentiu que continuava a dominar o elemento onde toda a infância brincara.

De resto o medo, esse rápido perseguidor, duplicava o vigor de Dantès. Inclinado sobre a crista das ondas, escutava se algum rumor lhe chegava aos ouvidos. Todas as vezes que se erguia na extremidade de uma vaga, o seu olhar rápido abarcava o horizonte visível e procurava penetrar na espessa escuridão.

Cada onda um pouco mais alta do que as outras parecia-lhe um barco em sua perseguição, e então redobrava de esforços, que o afastavam sem dúvida, mas cuja repetição rapidamente lhe esgotaria as forças.

Continuava porém a nadar, embora o castelo terrível estivesse já um pouco diluído no vapor nocturno. Porque apesar de o não distinguir, não deixava de o sentir constantemente.

Passou-se uma hora durante a qual Dantès, exaltado pelo sentimento da liberdade que invadira toda a sua pessoa, continuou a fender as vagas na direcção que se marcara.

«Vejamos», dizia para consigo, «há perto de uma hora que nado, mas como o vento me é contrário devo ter perdido um quarto da minha rapidez. No entanto, a menos que me tenha enganado no rumo, já não devo estar longe de Tibouien... Mas se me enganei?»

Um arrepio percorreu todo o corpo do nadador. Tentou deitar-se de prancha para descansar; mas o mar era cada vez mais forte e não tardou a compreender que esse meio de recuperar forças, com o qual contara, era impossível.

«Pronto, seja!», pensou. «Irei até ao fim, até os meus braços se cansarem, até às cãibras me invadirem o corpo, e depois deixar-me-ei ir ao fundo!»

E desatou a nadar com a energia e a velocidade do desespero.

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pág. 168 (Capítulo 21)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 168

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069