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Capítulo 24: Deslumbramento

Página 197

Dantès ainda não comera nada; mas estava muito longe de lhe apetecer comer em semelhante altura. Tomou um golo de rum e voltou a entrar na gruta com o coração mais fortalecido.

A enxada, que lhe parecera tão pesada, tornara-se leve.

Levantou-a como levantaria uma pena e entregou-se vigorosamente ao trabalho. Após algumas enxadadas, verificou que as pedras não se encontravam cimentadas, mas apenas pousadas umas sobre as outras e cobertas com o reboco a que já nos referimos. Introduziu numa das fissuras a ponta da enxada, carregou no cabo e viu com alegria a pedra cair-lhe aos pés.

Desde então, Dantès não teve mais que tirar cada pedra com o bico de ferro da enxada, e cada uma foi caindo junto da anterior.

Dantès poderia ter entrado logo que fizera a primeira abertura; mas demorar esse momento alguns instantes equivalia a retardar a certeza e agarrar-se à esperança. Por fim, depois de nova hesitação de um instante, Dantès passou da primeira gruta para a segunda.

A segunda gruta era mais baixa e escura e de aspecto mais assustador do que a primeira. O ar, que só penetrava nela pela abertura praticada naquele mesmo instante, tinha o cheiro mefítico que Dantès se admirara, de não encontrar na primeira.

Dantès deu tempo ao ar exterior para reavivar aquela atmosfera de morte e entrou. À esquerda da abertura ficava um canto profundo e sombrio. Mas, como dissemos, para a vista de Dantès não havia trevas.

Sondou com o olhar a segunda gruta. Eslava vazia como a primeira. O tesouro, se existia, encontrava-se enterrado no canto escuro. Chegara a hora da angústia. Dois pés de terra a resolver era tudo o que restava a Dantès entre a suprema alegria e o supremo desespero.

Avançou para o canto e, como que tomado de uma resolução súbita, atacou o solo ousadamente à quinta ou sexta enxadada, o ferro encontrou ferro.

Nunca toque a rebate, nunca dobre a finados produziu semelhante efeito sobre quem ouviu. Se nada tivesse encontrado, Dantès não ficaria com certeza mais pálido.

Sondou ao lado do sitio onde já sondara e encontrou a mesma resistência, mas não o mesmo som.

«É um cofre de madeira com arcos de ferro», pensou.

Neste momento passou uma sombra rápida que interceptou a luz do dia. Dantès deixou cair a enxada, pegou na espingarda, transpôs a abertura e correu para fora.

Uma cabra-montês saltara por cima da primeira entrada da gruta e pastava a poucos passos dali. Era uma excelente oportunidade para assegurar o jantar, mas Dantès receou que a detonação da espingarda atraísse alguém.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 197

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069