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Capítulo 26: A Estalagem da Ponte do Gard

Página 211

- Pobre rapaz! - murmurou Caderousse. - Pois aí tem mais uma prova do que lhe dizia, Sr. Abade: Deus só é bom para os maus. Ah - continuou Caderousse, com a linguagem colorida da gente do Meio- Dia -, o mundo vai de mal a pior! Deviam cair do céu dois dias de pólvora e uma hora de fogo, para acabar com isto tudo!

- Parece que o senhor gostava muito desse rapaz - observou o abade.

- É verdade, gostava muito dele - confirmou Caderousse - embora tenha de me penitenciar de ter por um instante invejado a sua felicidade. Mas depois, juro-lhe, palavra de Caderousse, tenho lamentado muito a sua pouca sorte.

Fez-se um momento de silêncio durante o qual o olhar fixo do abade não cessou um instante de interrogar a fisionomia mutável do estalajadeiro.

- E o senhor conheceu o pobre rapaz? - continuou Caderousse.

- Fui chamado ao seu leito de morte para lhe oferecer os derradeiros socorros da religião - respondeu o abade.

- De que morreu? - perguntou Caderousse, com voz estrangulada.

- De que se morre na prisão quando se morre aos trinta anos, se não da própria prisão? Caderousse enxugou o suor que lhe corria pela testa.

- O que é estranho no meio de tudo isto - prosseguiu o abade é que Dantès me jurou sempre no seu leito de morte, sobre o Cristo cujos pés beijava, ignorar a verdadeira causa do seu cativeiro.

- É verdade, é verdade - murmurou Caderousse -, não podia sabê-lo. Não, Sr. Abade, ele não mentia, o pobre rapaz.

- Foi por isso que me encarregou de esclarecer a sua desgraça, o que ele nunca pôde fazer, e de reabilitar a sua memória, se essa memória tivesse recebido qualquer mácula.

E o olhar do abade, cada vez mais fixo, devorou a expressão quase sombria que apareceu no rosto de Caderousse.

- Um rico inglês - continuou o abade - seu companheiro de infortúnio e que saiu da prisão aquando da II Restauração possuía um diamante de grande valor. Ao sair da prisão quis deixar a Dantès, que numa doença que contraíra o tratara como um irmão, uma prova do seu reconhecimento e ofereceu-lhe esse diamante. Dantès, em vez de se servir dele para subornar os carcereiros, que aliás poderiam receber-lhe o diamante e atraiçoá-lo depois, conservou-o sempre preciosamente, para o caso de sair da prisão. Porque se saísse da prisão a sua fortuna estava assegurada só com a venda do diamante.

- Era portanto, como o senhor disse, um diamante de grandevalor? - perguntou Caderousse, com os olhos coruscantes.

- Tudo é relativo - prosseguiu o abade. - De grande valor para Edmond. O diamante estava avaliado em cinquenta mil francos.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 211

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069