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Capítulo 29: Acasa Morrel

Página 241

Num abrir e fechar de olhos a lancha estava no mar e nós oito dentro dela.

«- O comandante foi o último a descer, ou antes, não, não desceu, porque não queria deixar o navio. Eu é que o agarrei pela cintura e o atirei aos camaradas, e em seguida saltei.

Era tempo. Mal acabei de saltar a coberta partiu-se com um barulho que parecia a bordada de um navio de guerra de quarenta e oito.

«- Dez minutos depois, mergulhou de proa, em seguida de popa e depois pôs-se a girar sobre si mesmo como um cão a correr atrás do rabo. E por fim, acabou-se. Pronto, está tudo dito, acabou-se o Pharaon!

«- Quanto a nós, passámos três dias sem comer nem beber, e já falávamos em tirar à sorte quem alimentaria os outros quando vimos a Cironde. Fizemos-lhe sinais, ela viu-nos, aproou a nós, mandou-nos a sua lancha e recolheu-nos. Aqui tem o que se passou, Sr. Morrel, palavra de honra! Palavra de marinheiro! Não é verdade, rapazes?

Um murmúrio geral de aprovação indicou que o narrador conquistara todos os sufrágios pela veracidade do fundo e pelo pitoresco dos pormenores.

- Bom, meus amigos - disse o Sr. Morrel -, todos vocês são homens honrados e eu sabia antecipadamente que na desgraça que me atingia só havia um culpado: o meu destino. Trata-se da vontade de Deus e não de culpa dos homens. Respeitemos a vontade de Deus. Agora, quanto lhes é devido de soldo?

- Ora, não falemos disso, Sr. Morrel!

- Pelo contrário, falemos - redarguiu o armador, com um sorriso triste.

- Bom, devem-no três meses... - disse Penelon

- Coclès, pague duzentos francos a cada um destes dignos homens. Noutra época, meus amigos - continuou Morrel -, acrescentaria: «E dê a cada um duzentos francos de gratificação.» Mas os tempos estão maus, meus amigos, e o pouco dinheiro que me resta já não me pertence. Desculpem-me portanto e não sejam menos meus amigos por isso.

Penelon fez uma careta de comoção, virou-se para os companheiros, trocou algumas palavras com eles e voltou-se de novo:

- Quanto a isso, Sr. Morrel - disse passando o tabaco de mascar de um lado para o outro da boca e lançando na antecâmara segundo jacto de saliva que foi emparelhar com o primeiro -, quanto a isso...

- Quanto a isso o quê?

- Do dinheiro...

- Sim...

- Bom, Sr. Morrel, os camaradas dizem que de momento lhes chega cinquenta francos a cada um e que esperarão pelo resto.

- Obrigado, meus amigos, obrigado! - exclamou o Sr. Morrel, profundamente comovido. - Têm todos excelente coração. Mas recebam, recebam, e se arranjarem um bom lugar aproveitem-no, pois estão livres.

Esta última parte da frase produziu efeito prodigioso sobre os dignos marinheiros, que se entreolharam com ar desorientado.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 241

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069