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Capítulo 29: Acasa Morrel

Página 240

Esta voz firme, sonora e inesperada fez estremecer toda a gente. Penelon pôs a mão em pala sobre os olhos e olhou aquele que criticava com tanta arrogância a manobra do seu comandante.

- Fizemos ainda melhor do que isso, senhor - redarguiu o velho marinheiro com certo respeito. - Ferrámos a brigantina e metemos o leme ao vento para correr diante da tempestade. Dez minutos depois, ferrámos as gáveas; e deixámo-nos ir em árvore seca.

- O navio era muito velho para arriscar isso - observou o inglês.

- Exactamente! Foi o que nos perdeu. Depois de sermos sacudidos durante doze horas como se o Diabo tivesse tomado conta de nós, o navio abriu água. «Penelon», disse-me o comandante, «parece-me que nos afundamos, meu velho. Dá-me o leme e desce ao porão.» - Dei-lhe o leme e desci. Havia já três pés de água. Tornei a subir, gritando: «As bombas! As bombas!» Mas era já demasiado tarde. Mesmo assim deitámos mãos à obra, mas creio que quanto mais água tirávamos mais água havia.

«- Com a breca - disse ao cabo de quatro horas de trabalho. -, já que nos afundamos deixemo-nos afundar, pois só se morreu ma vez!

«- É assim que dá o exemplo, mestre Penelon? - disse o comandante. - Pois já vai ver...

«E foi buscar um par de pistolas ao meu camarote.

«- Estoiro os miolos ao primeiro que largar a bomba! gritou.

- Muito bem - disse o inglês.

- Não há nada para dar coragem como as boas razões – continuou o marinheiro-, tanto mais que entretanto o tempo melhorara e o vento amainara. Mas também não era menos verdade que a água continuava a subir, não muito, talvez duas polegadas por hora, mas enfim, subia. Duas polegadas por hora, veja o senhor, parece coisa de nada, mas em doze horas são pelo menos vinte e quatro polegadas e vinte e quatro polegadas são dois pés...

Com mais dois ou três pés que já tínhamos, eram cinco. Ora quando um navio tem cinco pés de água no ventre, pode passar por hidrópico.

«- Pronto já basta - disse o comandante. - O Sr. Morrel não terá nada a censurar-nos; fizemos o que pudemos para salvar o navio. Agora é preciso tentar salvar os homens. Para a lancha, rapazes, e mais depressa do que nunca!

- Escute, Sr. Morrel - continuou Penelon -, nós gostávamos muito do Pharaon; mas por muito que um marinheiro goste do seu navio, gosta ainda mais da sua pele.

Por isso, não esperámos que o comandante nos desse a ordem duas vezes. Mesmo assim, veja o senhor, o navio gemia e parecia dizer-nos: «Andem, vão-se embora! Vá, vão-se embora!» E tinha razão, o pobre Pharaon, pois sentíamo-lo literalmente afundar-se-nos debaixo dos pés.

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pág. 240 (Capítulo 29)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 240

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069