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Capítulo 31: Itália - Simbad, o marinheiro

Página 264
Depois, aquela história dos navios afundados, que de dia julgara exagerada, parecia-lhe mais verossímil de noite. Por isso, colocado como estava entre um duplo perigo, talvez imaginário, não perdia os seus homens de vista nem largava a espingarda da mão.

Entretanto os marinheiros tinham içado de novo as velas e a embarcação voltara à esteira que já sulcara nas suas idas e vindas. Através da escuridão, Franz, um pouco mais habituado às trevas, distinguia o gigante de granito que a embarcação costeava. Por fim, ao ultrapassar de novo a esquina de um rochedo, viu a fogueira que brilhava mais ofuscante do que nunca e à sua volta cinco ou seis pessoas sentadas.

A reverberação do lume estendia-se pelo mar dentro numa centena de passos. Gaetano costeou a luz, mantendo no entanto a embarcação na parte não iluminada; depois, quando ficou exactamente defronte da fogueira, aproou na sua direcção e entrou ousadamente no círculo luminoso, entoando uma canção de pescadores, acompanhado em coro pelos companheiros, que entoavam apenas o estribilho.

À primeira palavra da canção os homens sentados à roda da fogueira levantaram-se e aproximaram-se do embarcadouro, de olhos postos na embarcação, cuja força e cujas intenções se esforçavam visivelmente por adivinhar. Em breve pareceram ter feito exame suficiente e foram, com excepção de um que ficou de pé na margem sentar-se de novo à volta da fogueira, na qual assava um cabrito inteiro.

Quando a embarcação chegou a uma vintena de passos da terra, o homem que se encontrava na margem fez maquinalmente com a carabina o gesto de uma sentinela que espera uma patrulha e gritou «Quem vem lá?» em dialecto sardo.

Franz armou friamente as suas dois tiros.

Entretanto, Gaetano trocou com o homem algumas palavras de que o jovem não compreendeu nada, mas que evidentemente lhe diziam respeito.

- Vossa Excelência quer dizer o seu nome ou manter o incógnito? - perguntou o patrão.

- O meu nome deve ser perfeitamente desconhecido. Diga-lhe portanto simplesmente que sou um francês que viaja por prazer - respondeu Franz.

Assim que Gaetano transmitiu a resposta, a sentinela deu uma ordem a um dos homens sentados à fogueira, o qual se levantou imediatamente e desapareceu entre os rochedos.

Fez-se silêncio. Todos pareciam preocupados com o que mais directamente lhes respeitava: Franz com o seu desembarque, os marinheiros com as suas velas e os contrabandistas com o seu cabrito. No entanto, no meio de tão aparente despreocupação, todos se observavam mutuamente.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 264

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069