O Conde de Monte Cristo - Cap. 34: Aparição Pág. 326 / 1080

- Com certeza! O conde de Monte-Cristo tem o hábito de ser muito madrugador e estou certo de que se encontra levantado há mais de duas horas.

- E parece-lhe que não haverá indiscrição em nos apresentarmos nos seus aposentos agora?

- Nenhuma.

- Nesse caso, Albert, se está pronto...

- Inteiramente pronto - respondeu Albert

- Então, vamos agradecer ao nosso vizinho a sua cortesia.

- Vamos! Franz e Albert só tinham de atravessar o patamar. O hoteleiro adiantou-se-lhes e tocou por eles. Um criado veio abrir.

- Sígnori Francesi - disse o hoteleiro.

O criado inclinou-se e fez-lhes sinal para entrarem.

Atravessaram duas divisões mobiladas com um luxo que não esperavam encontrar no hotel de mestre Pastrini, e chegaram por fim a uma sala de uma elegância perfeita. Cobria o chão um tapete turco e os móveis mais confortáveis ofereciam as suas almofadas bem cheias e os seus encostos inclinados para trás.

Das paredes pendiam magníficos quadros de mestres, intercalados com troféus de armas esplêndidas. Diante das portas adejavam grandes reposteiros de tapeçaria.

- Se Suas Excelências se quiserem sentar, vou prevenir o Sr. Conde - disse o criado.

E desapareceu por uma das portas.

Quando a porta se abriu chegou aos ouvidos dos dois amigos o som de uma guzla, mas extinguiu-se imediatamente. A porta, fechada quase ao mesmo tempo que fora aberta, apenas deixara por assim dizer penetrar na sala uma lufada de harmonia.

Franz e Albert entreolharam-se e percorreram com a vista os móveis, os quadros e as armas. Tudo aquilo lhes pareceu, à segunda vista, ainda mais magnífico do que à primeira.

- Então que diz a isto? - perguntou Franz ao amigo.

- Digo, meu caro, que o nosso vizinho é algum corretor que jogou na baixa dos fundos espanhóis ou algum príncipe que viaja incógnito.

- Caluda! - atalhou Franz. - Isso é o que vamos saber, pois ele vem aí.

Com efeito, o ruído de uma porta girando nos gonzos acabava de chegar aos ouvidos dos visitantes. E quase ao mesmo tempo o reposteiro abriu-se e deu passagem ao proprietário de todas aquelas riquezas.

Albert avançou ao seu encontro, mas Franz ficou pregado no seu lugar.

Aquele que acabava de entrar era nem mais nem menos do que o homem da capa do Coliseu, o desconhecido do camarote e o anfitrião misterioso de Monte-Cristo.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069